Jamal dos Santos – ou James como, na cidade de Nampula, é tratado pelos amantes da sua música – é oriundo da terra das “muthiana orera”. Começou a interessar-se pelas actividades culturais quando tinha apenas 11 anos de idade. Na altura frequentava a 6ª classe. Foi a partir da igreja onde o jovem se apaixonou pela música. Quando James se tornou crente, atraído pelo canto coral, imediatamente decidiu fazer parte do grupo de jovens que ensaiavam as canções que eram apresentadas nas missas. O músico diz que foi a partir daí que começou a perceber que o canto podia ser uma actividade profissional.
Devido ao seu talento na música, em 1999, James torna-se membro da Casa da Cultura a fim de aprender a tocar viola, o piano, timbila, batuque – entre outros instrumentos – incluindo as artes plásticas. Quando aprendeu a tocar os instrumentos musicais em referência, nos finais do mesmo ano, integra a banda Asbergue.
Com o passar do tempo, o jovem ganhou um grande domínio sobre os instrumentos de música e, a par disso, uma maior confiança da parte dos seus colegas do canto coral. Pela primeira vez, em 2001, o seu grupo teve a oportunidade de gravar a primeira música no Record Estúdio, na cidade de Nampula.
Foi a partir do referido estúdio de gravação musical que a banda Asbergue criou algumas músicas que em Nampula são um grande sucesso. Depois a sua banda participou no Cross Roads, um festival de música promovido pelo Ministério de Comércio da Suécia.
No evento, a banda Asbergue ocupou a primeira posição entre os concorrentes da sua cidade, o que lhes permitiu participar na fase nacional que decorreu na cidade de Quelimane, na província da Zambézia. Desta vez, o conjunto ficou na quinta posição.
Com o lugar ocupado na fase nacional daquele festival, o grupo voltou a Nampula motivado a trabalhar e, em resultado disso, conquistar outros patamares na sua carreira como, por exemplo, a luta pela gravação de um álbum, o que não aconteceu.
Em 2006, a banda Asbergue participa, de novo, no festival Cross Roads, tendo ocupado a primeira posição na fase provincial o que lhe conferiu a possibilidade de disputar a fase nacional em Maputo. Quando regressa de Maputo, James teve de cumprir o Serviço Militar Obrigatório, no qual permaneceu um período de dois anos.
Quando ainda cumpria a tropa, ele teve de interromper o canto uma vez que, na sua óptica, estava-se diante de duas actividades incompatíveis. De qualquer forma, manteve sempre o sonho de um dia regressar à sua terra natal e reencontrar os colegas da banda a fim de dar continuidade ao seu projecto musical.
Novos desafios da vida
Nos finais de 2008, Jamal dos Santos conclui o treino militar, retorna ao convívio familiar e dos seus confrades na música e começa a trabalhar na Academia Militar como artista plástico. Mesmo assim, o jovem não deixou de pertencer à classe dos músicos. Abandonou os Asbergue para seguir uma carreira a solo.
Na banda, segundo as suas palavras, explorava-se mais músicas tradicionais. Mas, James precisava de tocar outros ritmos e géneros musicais. É por essa razão que, actualmente, o cantor interpreta ritmos como Pandza, Passada e R&B. “Quando canto sinto ânimo no coração e alegria. Para mim, a música é um meio de satisfação do ego. É tudo na minha vida”.
Agora, Jamal dos Santos está a trabalhar no sentido de criar condições para lançar o seu primeiro disco discográfico no mercado, que será composto por oito faixas. Até o momento, já estão gravadas quatro músicas, nas quais o artista aborda assuntos sociais com enfoque para o amor.
O artista que, através das suas músicas, pretende influenciar a sociedade a seguir os caminhos da felicidade, em detrimento das acções que não dignificam os Homens, considera que “as minhas músicas são para todas as camadas sociais. Creio que as mensagens que emito são apreciadas por todos, uma vez que são muito familiares. Abordo o nosso quotidiano”.
Não tenho patrocínio
“Estou a trabalhar para o lançamento do disco sem, no entanto, contar com um patrocinador. Este factor é que retarda todo o meu processo de trabalho. Pedi apoios a empresas, mas nenhuma decidiu apoiar-me”, reclama.
Desde que começou a cantar até o presente, James possui 12 músicas gravadas. As mesmas tocam nas rádios da cidade de Nampula, mas ele adianta que nenhuma das delas fará parte do seu primeiro trabalho discográfico.
Num outro desenvolvimento, o músico lamentou a falta de apoio à classe dos artistas por parte dos empresários locais. “Não é possível viver somente da música em Nampula, porque não temos mecenas culturais. Desde que entrei na arena cultural surgiram muitas bandas musicais conceituadas, na cidade, mas acabaram por desaparecer devido à falta de incentivo”.
De acordo com James, em Nampula, “nós, os fazedores da música, permanecemos no sector pelo amor que temos à arte”, sentencia.