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Mototaxistas desapontados com a FIR em Vunduzi

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Mais de 80 transportadores de passageiros e bens no distrito de Gorongosa estão desapontados com a Força de Intervenção Rápida (FIR), alegadamente por esta estar a impedi-los de exercer a actividade nos postos administrativos de Vunduzi e Kanda, sobretudo em Santhudjira, alegadamente porque podem levar homens armados da Renamo para as localidades.

Alguns jovens que se dedicam ao serviço de moto-táxi, entrevistados pelo @Verdade, asseguraram que o problema acontece desde finais do ano passado, em consequência da tomada da base de Santhundjira, a 21 de Outubro, pelas Forças de Defesa e Segurança, as quais indicam terem desalojado Afonso Dhlakama, que há um ano se encontrava naquele ponto.

Aliás, além dos depoimentos das pessoas a que nos referimos, na semana passada, aquando da nossa deslocação a algumas localidades abandonadas pela população naquele distrito, por causa da presença de homens armados da Renamo e das forças governamentais, as quais são acusadas de protagonizar desmandos, constatámos que não há transporte de pessoas e bens para Vunduzi.

Para quem chega à vila municipal de Gorongosa, pela primeira vez, fica com impressão de que os mototáxis não chegam às localidades de Santhundjira, Mucodza, Tazaronda, Púnguè, Casa Banana, Kudzu e Nhataca, por exemplo, devido à tensão político-militar e têm medo dos constantes ataques que já causaram vários danos materiais, dezenas de mortos e centenas de feridos.

Todavia, a realidade é outra: a FIR é acusada de proibir o exercício de transporte de pessoas e bens para quaisquer zonas dos postos administrativos de Vunduzi e Kanda, facto que agasta sobremaneira os operadores de transporte de passageiros, cujos familiares dependem dessas actividade para sobreviver, para além de várias famílias que têm filhos a estudar nas escolas dos sítios cujo acesso é interdito e que usam os mesmos meios circulantes.

Visivelmente agastado, Hélio Rui, um dos transportadores, disse ao nosso Jornal que o conflito no distrito de Gorongosa está a retrair o negócio e inviabiliza o seu ganha-pão, porque já não há passageiros para Vunduzi. Antes da tensão político-militar e da interdição do acesso àquela zona pela FIR, por dia o jovem conseguia obter entre 900 e 1.000 meticais, mas, hoje, só ganha 100 a 200 meticais, uma vez que trabalha nos bairros municipais. Assim, “está a ser difícil alimentar a família, pois na vila municipal os preços praticados variam de 10 a 50 meticais por passageiro.”

Lázaro José contou-nos que em Tazaronda, por exemplo, onde está instalado um posto das forças governamentais, a caminho de Vunduzi, a FIR intimida os operadores de moto-táxi e não deixa ninguém transpor a barreira por ela colocada. “Por essa razão já não me dedico ao transporte da vila de Gorongosa para Vunduzi e vice-versa.”

Rafael Daniel afirmou que durante o trajecto vila de Gorongosa/Vunduzi é possível encontrar homens armados da Renamo, mas eles não atacam os transportadores, supostamente porque o seu alvo são as Forças de Defesa e Segurança. Contudo, os guerrilheiros de Afonso Dhlakama aconselham sempre para não transportar nenhum elemento das forças governamentais porque se tomarem conhecimento disso ficarão irados e não se vão responsabilizar pelos seus actos.

Da vila municipal de Gorongosa aos postos administrativos de Vunduzi e Kanda a distância é de 30 e 40 quilómetros, respectivamente, e os operadores de moto-táxi faziam diariamente quatro a cinco viagens. Neste momento, ninguém deles tenta desafiar o perigo que os guerrilheiros da Renamo e as forças governamentais representam, principalmente nesta altura em que é difícil distinguir os membros de cada um dos lados em conflito, uma vez que todos trajam roupa civil como forma de se confundirem.


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