Milhares de viaturas, ligeiras e pesadas, estão impedidas de seguir viagem a partir do rio Save para o centro e norte de Moçambique desde o domingo (26) devido a água que galgou a ponte sobre o rio Ripembe, na Estrada Nacional nº1 nesta região da província de Sofala. Há indicação que o tráfego rodoviário do centro para o sul de Moçambique também está interrompido.
"Aqui do lado onde estou existem mais de mil viaturas incluindo camiões e carrinhas" relatou um cidadão que viaja numa viatura ligeira, em direcção ao centro de Moçambique, mas que desde as primeiras horas de domingo está estacionado antes do rio Save.
O tráfego rodoviário havia sido interrompido inicialmente na tarde de sábado (25) mas cerca das 16 horas de domingo uma coluna de viaturas de grande porte transitou do Save em direcção a zona centro.
Na região do Save os viajantes, que incluem mulheres e crianças, começam a desesperar pois faltam condições básicas de sanidade e mesmo de alimentação. Apesar de muitos viajantes já virem prevenidos para a paragem obrigatória que costuma ser de 12 a 24 horas - pois desde Junho de 2013 é preciso esperar a coluna de militares para protecção até o posto administrativo de Muxúnguè - o facto é que muitos estão no local há mais de 24 horas e os seus parcos mantimentos já acabaram e poucos tem posses para se alimentarem nas poucas barracas que vendem alimentos e bebidas no local.
Segundo uma fonte oficial, que prefere não ser identificada, uma corporação de bombeiros foi enviada para solucionar o problema na ponte submersa.
Ainda não há Calamidades
Desde o passado sábado (25) chuvas fortes, com mais de 75 milímetros de precipitação em 24 horas, fustigaram os distritos de Machanga, Buzi, Dondo, Muanza, Cheringoma ,Marromeu e Cidade da Beira (na província de Sofala) e também os distritos da Massinga, Vilanculo, Inhassoro e Govuro (na província de Inhambane).
Nesta segunda-feira a Direcção Nacional de Águas alertou para o aumento em mais de um metro acima do nível de alerta do caudal do rio Lucite, afluente da bacia do rio Búzi, e também o rio Inhazónia afluente do rio Púnguè, estava 0,45m acima do nível de alerta. Os rios Ruvue, Goonda e Grudja também estão acima do nível de alerta colocando em risco as populações que vivem nas zonas baixas dos distritos de Chibabava, Búzi e Nhamtanda, na província de Sofala.
Contudo, apesar desta forte e contínua queda de chuvas, ainda não se pode falar em Calamidade pois muitas das regiões estavam secas e os rios "sedentos" absorveram grande parte das águas. Na província de Inhambane os rios apesar de haverem subido estão neste momento abaixo dos níveis de alerta.
As casas que ficaram destruídas pelas chuvas na realidade são cabanas de construção muito precária que estavam em regiões baixas, usadas como acampamentos dos camponeses que residem em zonas seguras. Os camponeses rejubilam com a água que tem caído dos céus e preparam-se para a época das novas sementeiras.
Mesmo no distrito de Govuro, onde se foram registados 300 milímetros de chuvas, as populações até chegaram a assustar-se mas a água baixou e alguns já estão as reconstruir as suas cabanas sem esperar nenhum apoio do Governo.
Na outra margem do rio Save as autoridades também ainda não consideram haver Calamidades apesar dos rios estarem um pouco acima dos níveis de alerta e até existirem alguns deslocados, que residiam na região baixa de Chireze, na localidade de Grudja, e que foram acomodados numa Escola na Sede da localidade.