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Alice Mabota diz que a eleição de um Governo não violento pode pôr fim a guerra em Moçambique

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A presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LDH), Alice Mabota, defende que os confrontos armados que se registam na província de Sofala resultam da intransigência das partes envolvidas no assunto, principalmente do Governo que alegadamente por estar a promover a exclusão.

Alice Mabota diz que "uma pessoa excluída não é boi, não é leão, não é galinha, ela sabe que meios usar para resolver as questões que a preocupam. Há exclusão política e económica no país e as pessoas sentem isso."

A líder da LDH vai mais longe ao considerar que os guerrilheiros da Renamo que ainda estão no mato e que protagonizam confrontos com as Forças de Defesa e Segurança representam os interesses de uma maioria moçambicana que sofre os mesmos problemas da exclusão.

"Aqueles que estão no mato, minha opinião, se quiserem podem me desmentir, representam a ansiedade de todas as pessoas que não estão na guerra. Representam o "meu" interesse, eu que gostaria de ser incluída, eu que gostaria de exercer minha política livremente e sou proibida. Mas eu não fui à guerra e aqueles que foram dizem: olha isto não vai resultar", considerou Mabota, para quem o facto de, por um lado, haver negociações entre o Governo e a Renamo, em Maputo, e doutro estarem a ocorrer confrontos armados no centro do país, resulta de questões políticas sobre as quais ela prefere não se debruçar.

"Por vezes, perguntamo-nos por que é que de um lado há negociações e de outro há guerra. Essas são questões políticas. E a política é muito suja e muito complexa", disse a presidente da LDH, que entende, no entanto, que a solução para toda essa situação passa necessariamente por se eleger um Governo que não seja violento como o actual.

Para governar o país, Mabota sugere que sejam eleitas pessoas distantes da política supostamente para garantirem a inclusão e os partidos políticos ficariam no Parlamento. Para Mabote essa é uma tarefa dos jovens actuais. "A solução é encontrar um Governo que que não seja violenta". Os jovens, segundo a presidente, têm um papel muito importante na mudança do rumo das coisas.

Contudo, Mabota vira o cano contra os mesmos jovens e considera que eles são pacíficos e aceitam colocar no poder pessoas violentas. "Se eu fosse jovem não ia votar em qualquer das partes que fosse violenta. Eu penso que tem que haver pessoas muito distante da política para Governar".

Alice Mabota falava esta quinta-feira (03) à margem da conferência nacional sobre paz e prevenção da violência político-eleitoral, que decorre em Maputo, organizada pelo Parlamento Juvenil e que conta com a participação do presidente da Comissão Nacional de Eleiçoes (CNE), presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, representantes das bancadas parlamentares, ligas juvenis dos partidos políticos. Estão, também, convidados a ex-primeira-ministra, Luísa Diogo, a presidente do Fórum Mulher, Graça Samo, o Reverendo Jamisse Taímo e Dom Dinis Sengulane. Sobre o evento, Mabota diz que representa o despertar da consciência sobre a necessidade de se combater a violência em período eleitoral.


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