A afirmação da secretária provincial da Organização das Mulheres Moçambicanas (OMM) em Nampula, Maria Elisa Rodrigues, segundo a qual a agremiação que dirige pertence a todas as mulheres moçambicanas, independentemente dos partidos políticos de que fazem parte, não passa de uma falsidade. É que nesta segunda-feira (07), as mulheres identificadas como não pertencentes à Frelimo foram impedidas de depositar flores na Praça dos Heróis Moçambicanos em Nampula.
Depois de a governadora de Nampula ter depositado uma coroa de flores, seguida pelos restantes quadros governo local, os seguranças da residência da chefe do executivo de Nampula montaram um sistema de segurança na entrada do monumento da praça com o intuito de inibir a passagem de mulheres de outros partidos políticos, sobretudo do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) que pretendiam homenagear a heroína Josina Machel.
A chefe da bancada do MDM na Assembleia Municipal de Nampula, Luísa Marroviça repudiou, a tentativa de partidarizar as festividades de 07 de Abril, efeméride que é de todas as mulheres, com ou sem identidade política. Entretanto, a líder disse que num passado recente as mulheres eram consideradas simples donas de casa sem direito de se manifestar livremente. Elas deviam apenas cuidar da casa, enquanto o marido se desdobrava em actividades rentáveis para garantir o sustento da família mas hoje esse problema tende a ser ultrapassado.
Cidália Chaúque disse que as mulheres estão, paulatinamente, a conquistar a sua emancipação, embora haja ainda obstáculos por ultrapassar, sobretudo a discriminação por que passam na sociedade moçambicana. Nos dias que correm “encontramos mulheres comerciantes, motoristas profissionais, mecânicas, dirigentes superiores, camponesas e noutras áreas de actividade cujo principal objectivo é travar a luta contra a pobreza no país”.
A governante disse que o analfabetismo ainda dificulta a autoafirmação das mulheres que procuram conquistar a independência económica. “É nosso desafio também combater a doença do século, o HIV/SIDA”.
Por sua vez, o Conselho Municipal da Cidade de Nampula, por intermédio do vereador para a área da Administração e Recursos Humanos, António Gonçalves, em representação do edil Mahamudo Amurane, condenou a leitura de mensagens das organizações sociais da Frelimo porque se travava de uma acto de politização do evento que é das mulheres. Segundo ele, era suposto que se tratando uma data comemorativa de todos os moçambicanos o respectivo programa fosse inteiramente característico do Estado.
As mulheres “combatentes”
Amida Dudu, cuja idade desconhece, é mãe de três filhos e dedica-se ao comércio informal. Para ela, não é fácil conciliar o seu negócio com as tarefas de uma dona de casa, pois a sociedade é preconceituosa. Pensa ainda que a mulher é que deve cuidar do lar e das crianças, o que para a nossa entrevistada é errado. “Todos (mulheres homens) são iguais”.
Vanda Armando, recepcionista afecta ao Centro de Saúde de Namicopo, na cidade de Nampula, é mãe de dois filhos. Ela considerou que, apesar de haver sinais positivos no processo da emancipação da mulher, os homens continuam a pensar que a mulher é uma máquina para simplesmente fazer filhos. A senhora disse que, pese embora trabalhe, a sua rotina não é diferente com a de uma dona de casa sem, por vezes, tempo para descansar.