União Provincial de Camponeses de Cabo Delgado (UPC), um movimento de camponeses desta província e membro integrante da União Nacional de Camponeses de Moçambique (UNAC), que luta pela defesa dos direitos e interesses dos camponeses, acompanha com manifesta profunda preocupação e solidariedade para com as vítimas das calamidades naturais, que prevalecem em Moçambique, particularmente na província de Cabo Delgado, que tem sido ciclicamente atingido, nos últimos anos, por diversos fenómenos naturais entre cheias, inundações e mau tempo que afectam negativamente os camponeses e demais população.
Preocupados com a gravidade da situação, lideranças e membros da UPC reuniram-se entre os dias 4 e 5 de Abril de 2014, no Distrito de Ancuabe em Conselho de Líderes extraordinário com o objectivo de analisar os impactos das calamidades naturais no desenvolvimento da agricultura e na vida camponesa ao nível desta província, além de definir melhores mecanismos de coordenação das actividades inseridas no âmbito do Dia Internacional de Luta Camponesa, que se assinala no dia 17 de Abril, durante o qual será lançado oficialmente a campanha de solidariedade às vítimas das cheias e inundações nos distritos de Namuno, Ancuabe, Balama, Montepuez e Chiure, segundo a UPC.
Com muita apreensão, os membros do Conselho de Líderes da UPC constataram que no primeiro trimestre deste ano, a situação agravou-se bastante com a ocorrência de chuvas torrenciais em quase toda província nos meses de Fevereiro e Março, tendo causado danos incalculáveis tais como: perca de vidas humanas, destruição de casas e vias de acesso, destruição de campos agrícolas e perda de culturas, deixando desta feita milhares de camponeses sem abrigo e em situação de insegurança alimentar e vulnerabilidade.
Dados disponíveis e analisados, confirmados pelas autoridades governamentais provinciais, a que UPC teve acesso indicam que mais de cinco pessoas morreram, em consequência do desabamento de uma casa inundada e cerca de 3 mil outras pessoas estão desalojadas após a destruição de mais de 600 residências sobretudo nos distritos de Quissanga, Macomia, Muidumbe, Ibo, Metuge, Mocímboa da Praia e a Cidade de Pemba.
Face a este cenário crítico, a UPC, que trabalha actualmente em dez distritos membros (Ancuabe, Chiúre, Namuno, Balama, Montepuez, Quissanga, Mecufi, Metuge, Mocímboa da Praia e Mueda), com mais de 4904 membros entre homens, mulheres e Jovens decidiu unir esforços com outros aliados e actores relevantes na mobilização de seus membros e camponeses em geral para apostar na prática da produção de culturas naturalmente adaptadas para segunda época, reforçar as acções de solidariedade e ajuda mútua entre os membros visando a troca e partilha de sementes de hortícolas, de milho e de feijão nhemba, estaca de mandioqueira e ramas de batata-doce em apoio aos camponeses mais assolados como forma de garantir a segurança alimentar.
Neste momento crítico e de vulnerabilidade que paira no seio das famílias camponesas espalhadas por toda Província e não só, nós, camponeses e camponesas entre a liderança, membros e todos os militantes da União Provincial de Camponeses de Cabo Delgado, reiteramos nossa solidariedade e apoio incondicional aos companheiros e companheiras, que sofrem com as cheias.
Igualmente, reafirmamos o nosso compromisso inalienável com a agricultura camponesa e engajamento na luta pela realização dos direitos constitucionais de defesa à vida. Continuamos firmes na nossa luta, orientados e em total acordo com o preceito constitucional segundo o qual a agricultura é a base de desenvolvimento do nosso País. Nós, camponeses e camponesas de Cabo Delgado, apelamos a todas as instituições e pessoas de bem para que prestem sua solidariedade e apoio às famílias afectadas pelas cheias e inundações que neste momento vivem em péssimas condições de vida e passando fome.