O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) em Nampula admite que estão a ser emitidos cartões de eleitores falsos, ou seja, sem as impressões digitais, supostamente porque as máquinas não detectam as impressões digitais dos seus proprietários em virtude de desenvolverem trabalhos que desgastam as mãos.
Nesta quinta-feira (17), Jacinto Manuel, chefe do Departamento de Operações e Organização dos Processos Eleitorais no STAE, explicou que os pedreiros, os mecânicos, os garimpeiros, são exemplos de cidadãos cujas actividades corroem as mãos a ponto de os dedos não terem impressões digitais.
Recentemente, a Renamo denunciou a existência de cartões falsos em Nampula, tendo, nessa altura, o STAE desmentido alegando que se tratava de uma invenção da Perdiz para desacreditar o processo. Entretanto, Jacinto Manuel disse que os cidadãos cujos cartões não têm impressões digitais serão arrolados para que a 15 de Outubro próximo não estejam impedidos de exercer o seu direito de voto.
O responsável falava numa cerimónia de empossamento de directores adjuntos do STAE para as províncias de Nampula, do Niassa, de Cabo Delgado e da Zambézia. Jacinto Manuel apelou os eleitores nessa situação a dirigirem-se aos seus postos de recenseamento.
Aliás, há denúncia de que em alguns postos de recenseamento estão a ser usados carimbos falsos, o que para Manuel está a ser averiguado. Fernando Matuassanga, membro da Comissão Nacional da Renamo, disse a jornalistas em Nampula que as irregularidades constatadas no processo de recenseamento eleitoral acontecem nos distritos onde a sua formação política tem maior aceitação. Por isso, a emissão de cartões falsos é uma estratégia do Governo e da Frelimo para impedir os cidadãos de votar em Outubro.
Além da emissão de cartões falsos, a Renamo denunciou a paralisação do recenseamento alegadamente por avaria do equipamento, falta de energia, falta de combustível para o funcionamento dos geradores, de entre outras irregularidades.