Em Mocuba, a Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal (FEAF) da Universidade Zambeze (UniZambeze), através do Núcleo da Associação dos Estudantes, pretende resgatar o hábito de frequentar as salas de cinema numa cidade onde a única sala de cinema foi transformada num espaço de culto religioso. Como pontapé de saída, a agremiação estudantil exibiu, no passado dia 19, o filme norte-americano Frankenstein nas instalações daquele estabelecimento de ensino superior.
Nos meados de 2013, o Núcleo da Associação dos Estudantes da Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal da UniZambeze decidiu abraçar a cinematografia. A agremiação não imaginava qual seria a reacção dos munícipes, uma vez que a única sala de cinema que existia na cidade encerrou as portas em 2010.
Porém, os integrantes do núcleo optaram por prosseguir com a ideia, o que, segundo eles, seria uma oportunidade para ganharem dinheiro com vista a ajudar os estudantes mais necessitados. Com o apoio da direcção da faculdade, que se ofereceu a disponibilizar projectores e um espaço para a actividade, a agremiação estudantil avançou gradativamente com a iniciativa. O projecto, intitulado UZ-Cinema, foi materializado com a exibição do filme Frankenstein.
A ideia foi bem- -sucedida, embora a adesão da população àquele estabelecimento de ensino superior tenha sido reduzida, pois grande parte das pessoas receava entrar nas instalações daquela universidade. “No primeiro dia, a nossa sala de cinema esteve cheia de estudantes internos, o que não estava nos nossos planos. Na verdade, um dos nossos objectivos era manter um intercâmbio entre a população e os estudantes, no sentido de manter um ambiente harmonioso”, disse Télvio Osório, presidente do núcleo.
No entanto, a agremiação decidiu intensificar a campanha de sensibilização dos munícipes para aderirem em massa ao projecto. Com efeito, a segunda apresentação foi repleta de surpresas: pouco mais de uma centena de pessoas se fez ao auditório da UniZambeze para assistir ao filme. Volvido algum tempo, o núcleo da FEAF viu-se obrigado a interromper a exibição de filmes para dar lugar a mais um evento cultural, nesse caso o desfile de moda.
O objectivo era descobrir novos talentos na área de moda moçambicana. Refira-se que o programa do desfile não fugia à política da associação: angariar fundos para ajudar os estudantes que não dispõem de condições financeiras para prosseguir com a formação académica. “Depois de algum tempo, tivemos de interromper a projecção de filmes porque a população já não aderia em massa. A nossa ideia era reunir vários estabelecimentos de ensino para descobrir novos talentos na moda”, referiu Osório.
O projecto que levou à descoberta de vários talentos no mundo da moda viu-se numa situação difícil com o encerramento do calendário académico de 2013, numa altura em que os estudantes já se encontravam de férias. Envolvido num emaranhado de problema, o núcleo não teve condições financeiras para dar continuidade à iniciativa.
As situações que conduziram ao encerramento do projecto de desfile levaram ao (re)nascimento da cinematografia. “Acreditamos que a cinema veio para ficar na cidade de Mocuba porque todas as condições já foram garantidas, desde o equipamento até às instalações. A população aderiu em massa e mostrou-se satisfeita com a iniciativa”, explicou Osório.
“Devemos divertir-nos na academia”
O presidente da Núcleo da Associação de Estudantes da FEAF em Mocuba defende que, numa academia ou estabelecimento de ensino, os estudantes devem divertir-se para não desenvolverem problemas mentais.
“Todo o ser humano precisa de se distrair para preparar a sua mente de modo a apreender mais conteúdos, daí que, nós como representantes dos estudantes, temos a responsabilidade de criar mecanismos para tal diversão, tendo optado por projectar uma série de filmes nos fins-de-semana”, disse Osório.
Elevada à categoria de cidade há mais de 20 anos, Mocuba nunca teve uma sala de cinema. Na verdade, o único espaço no qual eram exibidos os filmes foi transformado num local de culto religioso. Importa referir que, em 2010, o Clube Ferroviário de Mocuba decidiu investir na diversão dos munícipes com a apresentação de filmes. Numa primeira fase, o projecto foi bem-sucedido, mas, decorridos alguns meses, aquela instituição viu-se obrigada a abandonar a actividade, devido à falta de fundos.