É, sem dúvidas, caricata e, ao mesmo tempo, revoltante a situação que se vive na empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) nos últimos tempos. Diga-se, em abono da verdade, que os atrasos dos voos das LAM nunca foram novidade, até porque este facto até já ganhou o rosto da normalidade. Ou por outra, o anormal é o voo desta companhia de bandeira nacional partir ou chegar à hora prevista. Os politicamente correctos dirão que a situação de atrasos dos voos é normal e não nos devia deixar indignados, porque é normal acontecer nos países mais evoluídos. Mas, infelizmente, pelas piores razões, as LAM têm-se mostrado uma vergonha nacional.
Nos últimos dias, esta companhia moçambicana já começa a provocar um sentimento de medo e insegurança nos passageiros não só pelos constantes adiamentos e atrasos cuja desculpa mais invocada é a falta de combustível e avarias mecânicas, mas também por falta de seriedade e profissionalismo por parte da equipa de gestão dessa empresa e, por tabela, do Governo de turno.
Orgulhosamente sozinha no mercado, é notável que a companhia nacional está em decadência, facto que obriga a ponderar a necessidade de se liberalizar do espaço aéreo nacional. Porque o que se passa nas LAM impressiona não só pelas informações assustadoras que chegam ao público, mas, principalmente, pela demonstração das incertezas que as carreiras da companhia trazem. Quase todos os dias chegam-nos notícias de avarias mecânicas nas aeronaves detectadas durante as viagens.
Tudo indica que não aprendemos nada com o fatídico acontecimento do voo “TM470”. Diga-se, em abono da verdade, que a crise a que se assiste nas LAM leva-nos a uma série de questões e algumas dúvidas em relação ao sinistro de 29 de Novembro de 2013. A queda do avião em alusão não se deve, por um lado, à irresponsabilidade dos gestores desta companhia? Quantos aviões terão de despenhar para que possamos aprender a lição? Numa área sensível como a da aviação, um Governo sério e idóneo já teria tomado uma atitude com vista a pôr cobro à crise que se vive nas LAM, que coloca em perigo centenas de vidas humanas.
Mas as autoridades moçambicanas parecem continuar indiferentes à situação e, sobretudo, à vida dos passageiros. Na verdade, esse é um comportamento típico dos governantes moçambicanos, pois estão habituados a empurrar a sujeira para debaixo do tapete, esperando que a situação se resolva por si só. E, por ignorância ou mesmo negligência, esquecem-se de que os milagres só acontecem no campo espiritual. É, de facto, LAMentável!