Momade Assif Abdul Satar, mais conhecido por Nini Satar, de 40 anos de idade, tem investimentos na ordem de 100 milhões de dólares americanos, apurou o @Verdade nas suas investigações. Do período que vai de 1996, ano em que ele fez parte dos defraudadores do defunto Banco Comercial de Moçambique (BCM), até 2009, o visado terá feito investimentos avultados no sector imobiliário, de cerca de quatro milhões de dólares norte-americanos em França, na compra de 40 apartamentos numa das zonas luxuosas de Paris, designada Louvre.
Na altura, 1996, Nini Satar terá desembolsado cerca de 14 milhões e 480 mil francos franceses que, ao câmbio da do dia a que os factos se referem equivalia a quatro milhões de dólares.
Por outro lado, entre os anos 2006 e 2008 Momade Assif investiu cerca de 580 milhões de rands correspondentes a 58 milhões de dólares) na compra de um hotel com a categoria de cinco estrelas numa zona privilegiada da Cidade de Cabo, a Green Poit. Para a compra de tal hotel, os pagamentos foram feitos a partir de um banco em Dubai, chamado Emirates Bank, para uma conta na África do Sul, ambas tituladas por Momade Assif Abdul Satar. Outra parte de dinheiro foi paga a partir duma conta em Londres, também registada em nome de Momade Assif.
O @Verdade apurou que a 03 de Outubro de 2008, Momade Assif Abdul Satar ordenou, através dos seus representantes, ao banco de Dubai que fizesse uma transferência no valor de 11 milhões de dólares, para uma conta sul-africana também em seu nome. Já no dia oito do mesmo mês e ano, a transferência foi de seis milhões de dólares e no dia seguinte seria de 9 milhões. Já no dia 05 de Novembro do mesmo ano, Nini Satar voltaria a ordenar uma transferência de três milhões de dólares.
No dia 02 de Fevereiro de 2009 foi de quatro milhões de dólares e dois dias depois faria de cinco milhões. Significa que até Fevereiro de 2009 Nini Satar já havia feito uma transferência de 46 milhões de dólares de Dubai, o equivalente a 168 milhões e 360 mil dharams, moeda local. O valor foi transferido para um banco sul- africano de designado Nedbank.
Familiares de Nini
Nenhum dos familiares de Nini Satar se predispôs a falar desses investimentos quando contactado pela reportagem do @Verdade. O único que se pronunciou, mas foi parco em palavras, é o seu irmão mais velho, Ayob Satar. Ele, laconicamente, disse que “não estou a par dos negócios de Nini há muitos anos. Somos apenas irmãos, mas não temos nenhuma relação comercial”.
Tentámos contactar o próprio Momade Assif na Cadeia de Máxima Segurança, vulgo BO, mas a direcção local negou-se a franquear-nos as portas, alegadamente porque ele (Nini) não está autorizado a receber visitas de jornalistas. Já o seu advogado, em Maputo, aconselhou-nos a ouvir um outro advogado de Nini Satar, baseado na África do Sul.
Trata-se de um cidadão português, de nome Rocha Cerqueira. Este, no entanto, confirmou a existência de alguns investimentos de Nini Satar naquele país vizinho, mas esquivou-se a entrar em detalhes. O causídico esclareceu que o negócio foi iniciado em 2008 e só em 2009 é que os pagamentos foram concluídos. “Parte desse investimento foi feito através de um empréstimo pedido a um banco sul-africano e que está a ser amortizado devidamente. Creio que até o próximo ano, se tudo correr bem, a dívida estará liquidada”, disse Rocha Cerqueira.
Questionámos-lhe se Nini Satar, já que se encontra preso, não estaria impedido pela lei moçambicana de ter investimentos fora do país. Rocha Cerqueira esclareceu que Momade Assif tem uma empresa na África do Sul desde 2001. Existem procuradores que o representam lá. Portanto, “não há nada de ilegal para tanto alarido”, assegurou. O @Verdade soube que o sumptuoso hotel de cinco estelas localizado na Cidade de Cabo, tem 184 quartos e rende mensalmente cerca de 300 mil dólares americanos.
Confirmou-se também, através de documentos exibidos pelo seu advogado, que uma parte das receitas geradas pelo empreendimento tem sido depositada no banco com vista à amortização da dívida. É também do conhecimento deste jornal que os 40 apartamentos comprados em Paris em 1996, hoje valorizaram-se e rondam os 12 milhões de euros. Nini Satar tem outros investimentos em Portugal.
Refira-se que a lei moçambicana diz que qualquer cidadão nacional que queira fazer investimentos fora do país tem que ter uma pré- autorização do Banco Central. Contudo, caso Nini Satar não haja seguido esta premissa estará a incorrer no crime de branqueamento de capitais, disse uma fonte da Procuradoria.
Recorde-se que Nini Satar foi condenado por fraude de 144 biliões de meticais (antiga família), que deixou o extinto BCM de rastos. Todavia, há quem diga que a burla ascende a 150 milhões de dólares. Não será esse o dinheiro que está a ser investido na Cidade do Cabo, em Portugal e em Paris?