Gosme Horácio, de nove anos de idade, vive acometido por uma doença que o está a deixar num estado vegetativo desde o dia 23 de Novembro de 2008. Após aperceber-se do problema de saúde do petiz, o progenitor abandonou o rapaz e a família à sua própria sorte. Presentemente, a mãe do menor, desempregada e desamparada, roga a Deus que lhe conceda um milagre que tire o seu filho da condição em que se encontra, pois o seu sonho é ver o rapaz a brincar, à semelhança de outras crianças da sua faixa etária.
Aura António Bolacha, desempregada e residente no bairro de Carrupeia, Unidade Comunal 18 de Abril, na cidade de Nampula, está a atravessar momentos críticos, devido a uma patologia desconhecida que afecta o seu filho.
A cidadã diz que já se deslocou a diversas unidades sanitárias desta urbe, mas não teve sucesso. Ela explica ainda que recorreu aos préstimos dos médicos tradicionais, sem ter logrado um resultado satisfatório, não obstante o dinheiro despendido. A triste sina do pequeno Gosme começou no dia 23 de Novembro de 2008. Por volta das 23h00, o petiz teve febres, tendo sido levado para o Centro de Saúde 1º de Maio.
Subitamente, o miúdo perdeu a fala, e os profissionais de Saúde em serviço daquela unidade sanitária viram-se obrigados a transferir a criança para o Hospital Central de Nampula (HCN), o maior da região norte do país. Neste local, ele foi levado à sala de reanimação, onde permaneceu internado durante 14 dias. “Ao longo desse período, o miúdo não se mexia, o que me deixava desesperada, e eu rogava a Deus que o pior não acontecesse. O meu filho chegou a melhorar, mas tivemos de ficar na enfermaria por algum tempo. Só depois de uma semana é que ele teve alta”, explicou a mãe do pequeno Gosme.
Quando parecia que o problema já havia sido ultrapassado, volvidos três dias, o petiz teve uma recaída, e foi encaminhado para o HCN, onde lhe foi prestada toda a assistência médica devida. Porém, o menino não registava melhorias e a situação de saúde agravava-se a cada dia. Desta feita, ele foi transferido para o Centro de Saúde Mental de Nampula. A progenitora explica ainda que, depois de diversas análises médicas, os profissionais de Saúde diagnosticaram que Gosme padecia de epilepsia, tendo ficado internado por dois dias.
Depois desse período, por ordem da direcção da unidade sanitária, o petiz teve de abandonar o Centro de Saúde Mental de Nampula. Diariamente, a mãe de Gosme tinha de levá-lo às costas e caminhar até àquele centro de saúde, que dista seis quilómetros da sua residência. “Algumas vezes ia de chapa porque, nem sempre, tinha dinheiro ”, disse. Presentemente, a situação de saúde da criança é deveras chocante, não se vislumbrando nenhuma solução.
Ele passa o tempo todo deitado, pois não sofre de paralisia nos membros superiores e inferiores. Na verdade, as únicas coisas que consegue mexer são os olhos. As suas costas estão cheias de feridas porque a sua cama é uma simples esteira feita com base em caniço. “Desde que foi transferido do HCN para o Centro de Saúde Mental de Nampula, o meu filho não consegue locomover-se e faz as necessidades maiores e menores no local em que se encontra deitado”, lamentou Aura Bolacha.
Pai abandona a família
A mãe do petiz explicou ao @Verdade que a sua vida transformou-se num martírio porque está sujeita a cuidar do seu filho sem a ajuda do marido. Ela conta com o apoio do seu irmão que vive de biscates e de algumas pessoas de boa-fé.
Desde que o seu filho foi acometido pela doença, o seu esposo, que responde pelo nome de Horácio Mascote Nicalava, abandonou a família, tendo-se refugiado no posto administrativo de Caramaja, distrito de Rapale, que dista cerca de 60 quilómetros da cidade de Nampula, deixando o pequeno Gosme à sua sorte, na companhia de outros quatro irmãos.
A mãe do desdito é desempregada e assegura o sustento dos seus filhos recorrendo à venda de cabanga, uma bebida alcoólica tradicional e muito popular em Nampula. “Nem sempre consigo vender e ter lucros, mas faço o meu máximo para garantir a alimentação dos meus filhos.
Agradeço as direcções das escolas por entenderem a situação em que me encontro. Nesses estabelecimentos de ensino, aos meus meninos não é exigido uniforme escolar, porque apresentei o meu problema atempadamente. Alguns professores de boa-fé têm efectuado visitas à minha casa e têm.me dado muita força e a esperança de que um dia poderei superar todo este sofrimento”, sublinhou.
O que diz o médico
De acordo com Paulo Pereira, médico e director do Centro de Saúde Mental de Nampula, unidade sanitária na qual Gosme Horácio ficou internado pela última vez, a doença que apoquenta o menor agravou-se devido à falta de acompanhamento no acto de administração da medicação por parte da sua progenitora. Por outro lado, Pereira diz que o petiz tem problemas de desnutrição crónica e, para o efeito, aconselha que Gosme seja levado, o mais rápido possível, ao HCN, para que possa beneficiar de reabilitação nutricional.
“Uma vez que a criança não se movimenta, no Hospital Central de Nampula existe um sector de Acção Social, onde ele poderá ser acompanhado pelos especialistas e, só depois, é que lhe podem ser administrados os medicamentos”, esclareceu o médico, que acrescentou que, para este caso, houve uma certa negligência por parte dos encarregados de educação do menor.
Aquele médico acrescenta ainda que, cumprindo estes procedimentos, o menor poderá registar alguma melhoria. No que tange às feridas, Pereira afirmou que o menor tem um problema que se prende com a perda de tecidos ósseos.