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Manuel Formiga quer inclusão dos jovens da Renamo e do MDM no CNJ

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O recém-eleito presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), Manuel Formiga, qualifica de “muito lamentável” o facto de as ligas juvenis do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e da Renamo terem optado por não participar na VI Assembleia Geral, alegadamente porque o processo que antecedeu a preparação do encontro estava prenhe de irregularidades.

Em declarações ao @Verdade, Manuel Formiga disse que a Renamo, por exemplo, na qualidade de membro fundador do CNJ, devia ter feito parte da reunião.

“É lamentável, mas muito lamentável, que se tenham (o MDM e a Renamo) excluído do processo e, por conseguinte, perdido a oportunidade de participar na sexta Assembleia Geral”, disse o nosso entrevistado que acrescentou que quando há alguma diferença entre duas pessoas só o diálogo é que pode trazer a solução e é esta a via que os jovens daquelas formações políticas deviam ter seguido.

Os jovens da Renamo e do MDM não participaram, entre os dias 04 e 08 de Junho último, na sexta Assembleia Geral do CNJ, organismo do qual fazem parte, alegando que não concordavam com a forma como foi o evento organizado. Os líder desses duas ligas juvenis do maiores partidos da oposição disseram ainda que não iriam reconhecer a legitimidade do novo presidente.

Ora, no seu argumento, Formiga recorda que as duas ligas juvenis são apenas dois membros de uma organização que tem mais de 200 associações filiadas. Deste modo, acrescenta, não é a ausência de dois membros, até porque o CNJ não é uma organização política, que as actividades devem parar.

Segundo o dirigente juvenil, as reivindicações daqueles não são legítimas, pois não foram apresentadas num fórum próprio. “A ausência deles não retirou legitimidade ao órgão para deliberar validamente, de tal forma que deliberou. Agora que fomos eleitos, como presidente do CNJ convido todos os companheiros a trabalharmos juntos porque temos que servir a juventude moçambicana. Antes de sermos membros filiados a um ou outro partido nós temos um berço comum que é Moçambique. O nosso berçário é moçambicano. Nós somos moçambicanos entes de qualquer diferença,” disse o líder.

Formiga diz no entanto que não pretende formalizar nenhum convite direcionado a estas duas ligas juvenis, porque “no CNJ, não temos filhos e enteados, todos são tratados de igual maneira”.

Em alusão aos jovens da Renamo e do MDM, o entrevistado disse que há necessidade de se reforçar a consciência patriótica de alguns associados do CNJ.

Discursos falaciosos

Formiga disse que são falaciosas as acusações que têm sido feitas pelos jovens da Renamo e do MDM. Não é verdade que o CNJ se está a tornar uma célula do partido da Frelimo. Sem entrar em detalhes sobre a matéria, ele afirma que os estatutos da organização são claros em relação aos papéis do CNJ e dos seus órgãos.

“Os estatutos do Conselho Nacional da Juventude são muito claros e a Liga Juvenil da Renamo é membro fundador do Conselho Nacional da Juventude e subscreveu esses estatutos. É lamentável que estas reivindicações sejam feitas fora dos órgãos”.

Perspectivas

Sobre as acções que se compromete a realizar, durante os próximos cinco anos período em que dura o mandato, novo número um do CNJ diz ser prioritário “o reforço da capacidade institucional” daquela organização. “Nós temos Conselhos Distritais da Juventude sem sedes próprias e essa é a nossa preocupação. Queremos conferir dignidade a esses Conselhos lutando para que tenham sedes,” refere.

Dentro da capacitação institucional irá promover cursos em matéria de liderança dos dirigentes daqueles conselhos de forma que se tenha uma abordagem aglutinadora na perspectiva de garantir que todos os jovens moçambicanos se revejam no CNJ, uma plataforma de diálogo que se pretende válido entre a juventude e o Estado a todos os níveis.

“Desde o nível central que é o CNJ, passando pelo provincial até ao distrital, queremos ter uma liderança cada vez mais forte e que privilegie o diálogo como a base de trabalho”, sublinha.

Não menos importante, embora figure em segundo plano na lista das prioridades da actual direcção, é a questão da habitação e emprego que são os grandes problemas que afectam os jovens.

Em relação à habitação, o CNJ entende que é fundamental que se tenha acesso à terra com infra-estrutura e a casas condignas e a preços bonificados. Formiga disse ainda que “é a nossa bandeira: material de construção de baixo custo e acesso à habitação condigna a preços bonificados.”

Quanto ao emprego, outro calcanhar de Aquiles para a juventude moçambicana e terceiro pilar na lista de prioridades de Manuel Formiga e seu elenco, o CNJ defende o “associativismo profissionalizante como alternativa ao défice da empregabilidade”.

Ou seja, jovens formados numa determinada área do saber fazer devem juntar-se e avançarem para o auto-emprego de forma que, mais do que gerar rendimentos, possam também criar uma cadeia de valores económicos para a sua própria sustentabilidade. O entrevistado assegura que isso é possível e acrescenta: “nós iremos advogar incentivos fiscais, iremos também advogar a formalização flexível destas organizações e também faremos o acompanhamento e a monitoria”.

CNJ vai criar Parlamento Juvenil moçambicano

A actual direcção do Conselho Nacional da Juventude tem como meta para o seu mandato de cinco anos a criação de um Paramento Juvenil moçambicano, uma recomendação, segundo esclareceu o jovem presidente, da sexta Assembleia Geral desta organização.

A concretizar-se a ideia, o futuro Parlamento Juvenil, “filho legítimo” do Presidente da República, Armando Guebuza, tendo em conta que ele avançou essa ideia no ano passado, o mesmo funcionará nos moldes em que actua o Parlamento Infantil.

“Vai funcionar como um fórum de consulta do Governo no que tange à definição de políticas públicas atinentes ao sector da juventude. Os membros ou delegados que representarem este órgão vão ser pessoas que estão no segmento etário juvenil, como está definido na política da juventude que é de 15 a 35 anos. São jovens que vão discutir as suas preocupações e vão propor caminhos para a solução dessas suas preocupações. Será um fórum de consulta que vai subsidiar o Governo. Vai dizer o que é que nós queremos assim como acontece nos encontros nacionais da Juventude, com a diferença de que ele se vai reunir uma vez por ano”, explicou.

O líder da CNJ reconheceu, no entanto, a inexistência de uma estratégia de articulação com jovens que não estejam filiados em alguma associação ligadas à organização que dirige.

“Nós temos os associados que são associações, quanto aos outros a estratégia é que nós estamos abertos a todos. É verdade, porém, que encorajamo-los a juntarem-se em associações”, disse.


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