Fossas entupidas e a transbordar águas negras, cheiro nauseabundo a infestar o meio ambiente e instalações a cederem à pressão do tempo, sem beneficiarem de manutenção, são os cenários que caracterizam o Hospital Geral da Polana Caniço, sito no Distrito Municipal KaMaxaquene, na capital moçambicana. A situação é de tal sorte deplorável que os sectores reservados a consultas médicas são deveras asquerosos. É facto para se dizer que os pacientes que recorrem àquele hospital correm o perigo de contrair doenças originadas pela impureza do local.
As casas de banho degradaram-se paulatinamente a ponto de nalgumas vezes serem encerradas por ausência de condições higiénicas para funcionarem. Há três anos que o saneamento do hospital em causa é deplorável. Neste momento, os pacientes recorrerem aos balneários das pessoas que habitam próximo daquela unidade sanitária para fazerem necessidades menores e maiores. Para além deste problema, os nossos entrevistados queixam-se de serem mal atendidos e certos técnicos de saúde dão prioridade a quem tem dinheiro para lhes comprar “refresco”.
Guilherme Luís, do Comité do Desenvolvimento do Bairro Polana Caniço “B”, disse que a falta de higiene naquele lugar preocupa a todos. De há tempos para cá, o problema agrava-se. “As pessoas recorrem a uma unidade sanitária à procura de cura das doenças de que padecem, mas, pelo contrário, são confrontadas com situações atentatórias à sua saúde e são expostos a um cheiro nauseabundo”.
Segundo Luís, há anos, o Hospital Geral da Polana Caniço oferecia melhor atendimento, encontrava-se limpo, estava sempre na boca do povo por bons motivos e os moradores do município da Matola, por exemplo, optavam por aquele hospital em caso de alguma enfermidade, mas, de repente, as coisas mudaram para o pior, desde a altura em que as infra-estruturas passaram a estar sob a alçada do Governo moçambicano.
Por um lado, Luís disse que não percebe “como é que o Ministério da Saúde diz que o seu ‘maior valor é a vida’ mas não faz nada para proporcioná-la aos pacientes. Não é possível um paciente gozar de uma boa saúde enquanto o hospital no qual ele é atendido o prejudica em termos de higiene”, disse Luís.
Por outro, os pacientes queixam-se de não terem acesso a medicamentos, incluindo aqueles que são considerados vulgares, tais como o paracetamol. Felizmente, os cidadãos que padecem de VIH/SIDA e tuberculose não sofrem restrições.
Elina, Muchanga, residente na Polana Caniço “B”, contou que há três anos padece de anemia e os técnicos daquela unidade sanitária receitam-lhe apenas paracetamol. “E normal ser a primeira pessoa na fila mas na hora de atendimento ser a última. Dá-se privilégio a quem tem dinheiro, não importa a gravidade da doença e desembolsa-se entre 50 meticais e 200 meticais para se ser atendido”.
Relativamente a este problema, o @Verdade contactou Erica Langa, administradora do Hospital Geral da Polana Caniço. Ela não quis prestar depoimentos alegadamente porque precisava da autorização da Direcção de Saúde da Cidade Maputo. Esta última instituição disse que só estaria disponível a se pronunciar sobre o caso na próxima terça-feira, 22 de Julho em curso.