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Homenagem José Cardoso lançada em Maputo

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Foi lançado, na passada segunda-feira (21), em Maputo, um DVD com três filmes do falecido cineasta moçambicano José Cardoso. Para além dos três primeiros filmes de ficção do grupo Beira 64 - “Anúncio”, “Raízes” e “Pesadelo” - a obra, ainda não disponível para o público, inclui uma série de entrevistas e um livro com excertos da publicação inédita do autor “Memórias de uma vida”.

Com duração de 60 minutos, a obra é um mistério. Para percebê-la não basta só ver, mas também pensar, analisar o seu contexto e, talvez, ligar à realidade dos tempos passados.

No entanto, de acordo com Marilú João, crítica da obra, “Anúncio”, “Raízes” e “Pesadelo” levam-nos a acentuação sarcástica e reveladora da condição humana nas sociedades modernas, pois “Cardoso é filho de um Moçambique colonial onde a dignidade humana era mensurada em função da raça. Uma sociedade que respirava injustiças sociais, contra as quais lutou, ligado aos ideias do socialismo, usando uma arma poderosa - o cinema”.

Contudo, é ligando a história à problemática da sociedade moçambicana que se encontra uma resposta satisfatória, nas suas abordagens. Cardoso ilustra(va) nas suas obras a falta do emprego e a consequente exclusão social, uma situação que leva vários jovens ao desespero, optando pelos mais sombrios caminhos, como, por exemplo, a de drogas.

“Em Raízes, Cardoso faz uma analogia entre a criança e o homem na transição para uma sociedade moderna. Quando o adulto bate na criança é o momento da proposta de uma nova organização, moderna capitalista, que inclui a insegurança pública, a ostentação, as desigualdades sociais, a objectivação da mulher, o vício pelo jogo, pelo tabaco e pelo sexo”.

Entretanto, “em Pesadelo, para além de render prémios internacionais, foi apreendido pela PIDE sob a alegação de fazer apologia à luta de guerrilha que, embora injusta, não era infundada. Nessa obra, Cardoso fala-nos do medo e da necessidade de enfrenta-lo”, conclui Marilú.

Refira-se que, o filme foi desenvolvido em colaboração com o realizador e o técnico de som, Álvaro Simões, e gravado na mais antiga plataforma - Kuxa Kanema.


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