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Um professor com alma de cantor

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José Colaço, ou simplesmente Djei C como é carinhosamente tratado pelos seus admiradores, é técnico de cultura nos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia da Maganja da Costa, na província da Zambézia. Neste momento, ele cumpre uma paixão antiga: cantar. O artista desconhece as circunstâncias que o conduziram a abraçar a música, mas acredita que se trata de um dom. Com mais de 300 composições, ele ainda não possui um trabalho discográfico no mercado.

Desde pequeno, José Colaço alimenta o sonho de subir aos palcos e mostrar o seu talento. A paixão pela música surgiu quando frequentava o ensino primário. Os progenitores aperceberam-se da sua inclinação para a arte de cantar, e não ficaram satisfeitos, pois eles desejavam que o filho se formasse numa área que poderia garantir o sustento da família sem sobressaltos.

Aos poucos, os pais começaram a entender a sua paixão pela música. Num evento cultural organizado pelos jovens da Maganja da Costa em 2003, José Colaço mostrou o seu talento ao público e um produtor musical decidiu apoiar o artista. No mesmo ano, ele gravou o seu primeiro tema na cidade de Quelimane, intitulado “Manharinga”, no qual retrata a beleza das mulheres daquela vila municipal.

“Apesar das críticas que recebi após o lançamento da minha primeira música, não me deixei levar”, afirmou o nosso entrevistado, tendo acrescentado que um artista não pode desistir na primeira dificuldade que encontra, mas deve assumir o erro e continuar a trabalhar.

Com os seus próprios meios, em 2006, ele criou um estúdio de gravação de música na sua residência, onde passa a maior parte do tempo a produzir as suas composições. Para o artista, a instalação daquele espaço tem por objectivo gravar os seus temas, para além de apoiar outros cantores. “Tenho convidado alguns músicos para produzirem as suas músicas a custo zero”, referiu.

Presentemente, Djei C dispõe de mais de 300 temas e o seu maior sonho é editar um álbum. “Sempre me imaginei a realizar concertos nos grandes palcos, mas no meu tempo não podia concretizar esse sonho devido à falta de oportunidades”, disse.

A grande aposta do artista é, futuramente, tornar-se referência na música a nível do país e apostar na formação de novos talentos em Maganja da Costa.

“Há barreiras no mercado”

Convidado a comentar sobre a situação musical no nosso país, José Colaço referiu que, apesar de existirem jovens que se sacrificam para fazer boa música, o mercado encontra-se fechado. De acordo com o artista, este é um problema que afecta a publicação de novos trabalhos discográficos.

O nosso entrevistado afirmou ainda que, nos dias que correm, está cada vez mais difícil produzir um videoclip e fazê-lo chegar às estações de televisão, uma vez que estas criam barreiras. “As pessoas que trabalham nessas televisões contam muitas histórias para exibirem o seu vídeo”, disse, tendo acrescentado que o mercado musical a nível da província da Zambézia ainda é pobre, o povo gosta das composições, porém, não dá valor ao esforço que os músicos empreendem.

Desafios

O maior desafio deste cantor é afirmar-se no mercado nacional da música. Ele acredita que, pelo número de espectáculos que realizou a nível da Zambézia, tenha uma legião de fãs. “O meu objectivo é continuar a trabalhar, ensinar os mais novos e deixar um herdeiro para continuar com a minha obra”, garantiu.

Este ano, José Colaço completa 10 anos de carreira e conta com três videoclips.

A grande dificuldade que o cantor enfrenta é a falta de oportunidade para editar os seus temas, razão pela qual o músico ainda não se sente realizado. “Um artista sente-se realizado quando lança um álbum no mercado”, comentou.

As músicas do artista abordam o quotidiano da sociedade e as desavenças que surgem nos lares. “Inspiro-me no dia-a-dia dos moçambicanos. Procuro levar ao público as preocupações da população e o sofrimento por que ela passa”, explicou.

Crianças órfãs, tráfico de droga, prostituição, elevado custo de vida, fome, entre outros males, são os principais assuntos descritos nas suas composições musicais.

Os estilos preferidos pelo artista são o Zouk e o Afro-zouk. Para ele, apostar nesse ritmo significa valorizar a música de raiz da Zambézia, uma vez que com o Afro-zouk faz uma mistura da música tradicional zambeziana. Refira-se que Colaço inspira-se num dos maiores agrupamentos da cidade de Quelimane, os Garimpeiros, e no cantor cabo-verdiano, Philip Monteiro.


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