Mais de 100 alunos internados no Lar dos Estudantes pertencente à Escola Industrial e Comercial 3 de Fevereiro na cidade de Nampula vivem em estado deplorável, facto que afecta o seu aproveitamento pedagógico, uma vez que o estabelecimento não oferece condições de habitabilidade.
No Lar dos Estudantes 3 de Fevereiro falta quase tudo, desde alimentação, passando pelas camas, até ao fornecimento de água. As respectivas infra-estruturas encontram-se em elevado estado de degradação, clamando por reabilitação. As casas de banho e fossas estão entupidas e, além disso, falta corrente eléctrica nos dormitórios, os quartos não têm portas, os vidros das janelas estão todos quebrados, o refeitório está inoperacional, e o tecto ameaça desabar.
Alguns alunos internados naquele estabelecimento mostram-se agastados com a situação por que passam e disseram ao @Verdade que, algumas vezes, a alimentação tem sido da sua responsabilidade, assim como a substituição de lâmpadas de alguns dormitórios que têm acesso à corrente eléctrica. A dieta diária é constituída por arroz misturado com feijão manteiga moído. De acordo com os lesados, alguns estudantes têm ido parar ao hospital para receberem tratamento médico, devido à má alimentação que lhes é proporcionada.
“Pagamos mil meticais mensais por se tratar de uma instituição pública, mas as condições que a direcção do lar oferece não corresponde ao valor que nós desembolsamos todos os meses e não temos onde recorrer”, lamentaram os estudantes, acrescentando que, quando estes planeiam a criação de uma comissão a fim de se dirigir à Direcção de Educação a fim de apresentarem as suas preocupações, a directora do estabelecimento ameaça expulsar os alunos.
Devido a estes factores, as estudantes do sexo feminino são forçadas a envolver-se em actos de prostituição como forma de conseguirem algo para assegurar uma alimentação condigna, e os clientes são, maioritariamente, cidadãos de nacionalidade estrangeira que exploram alguns estabelecimentos comerciais localizadas na zona dos Poetas, vulgarmente conhecida por “Mercado dos Bombeiros”, que dista escassos metros do Lar 3 de Fevereiro em Nampula. “Neste estabelecimento, a palavra de ordem é “cada um por si e Deus por todos”.
A direcção da escola preocupa-se apenas em cobrar as mensalidades”, disseram os estudantes, tendo acusado os responsáveis do sector de Educação a nível da província de Nampula de indiferença. “Vivemos como prisioneiros, apesar de pagarmos uma taxa de mil meticais. Estamos privados de quase tudo, não temos refeitório, nem água, e tão-pouco energia eléctrica”, afirmaram.
O @Verdade tentou abordar a direcção do lar, na pessoa da respectiva directora apenas identificada pelo nome de Cicília Tacarindua. Esta escusou-se prestar declarações referentes à instituição que dirige, tendo-nos remetido à Direcção Provincial de Educação. Por seu turno, Alfredo Nicurupo, porta-voz do sector de Educação em Nampula, mostrou-se indisponível a falar sobre o assunto, alegadamente por estar envolvido num trabalho com uma brigada do nível central do seu ministério.