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Naymo Abdul: um nome que ficará gravado na história da Petromoc de Maputo

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Com cerca de duas décadas e meia de existência, a Petromoc de Maputo venceu o primeiro título oficial de futsal em 2014, o Campeonato da Cidade de Maputo. Ainda no mesmo ano, aquela colectividade ergueu o troféu mais importante da modalidade em Moçambique, o Campeonato Nacional. O presente ano foi de sonho para os petrolíferos, que escreveram o seu nome na galeria dos vencedores a nível nacional, bem como na capital do país. E num momento em que os clubes fazem o balanço da época finda, o @Verdade decidiu entrevistar Naymo Abdul, treinador dos campeões nacionais.

Naymo Abdul iniciou a carreira de treinador na extinta formação do Desportivo de Maputo em 2005. Na altura desempenhava a função de treinador-adjunto dos alvinegros que eram orientados pelo consagrado técnico moçambicano, Inácio Sambo. Neste emblema Naymo somou várias conquistas. Com 39 anos, aquele técnico tornou-se o mais bem-sucedido da história da Petromoc depois de conquistar dois dos três títulos possíveis numa temporada, uma vez que na presente época não foi realizada a Taça Maputo.

Depois “beber” da táctita junto do mestre Inácio Sambo, em 2007, o técnico petrolífero resolveu seguir a carreira como treinador principal e o Grupo Desportivo Iquebal foi a sua primeira equipa. Seguidamente teve passagens pelas formações da UEM, Estrela Vermelha, UP e Autoridade Tributária. À frente deste último conjunto sagrou-se vice- -campeão em 2012, na prova realizada na Cidade de Chimoio. Após um excelente trabalho na formação tributária, Naymo Abdul foi contratado para chefiar a equipa técnica da Petromoc.

@Verdade (@V) – No presente ano conquistou dois títulos distintos, nomeadamente o Campeonato da Cidade de Maputo e o Campeonato Nacional. Como é que se sente depois deste feito?

Naymo Abdul (NA) – Quando se ganha, todos ficam eufóricos e eu não fugi à regra. Estou deveras satisfeito com estes dois títulos, por sinal os primeiros como treinador principal. Sinto-me realizado por ter liderado a Petromoc na conquista do seu primeiro Campeonato Nacional, sem esquecer o Campeonato da Cidade de Maputo. Foi a concretização de um sonho. Mas tenho que realçar que este sucesso não se deveu, apenas, ao trabalho de Naymo. Sem os atletas, os principais obreiros destas conquistas, e sem o empenho da direção do clube não teria ganho nenhum destes troféus.

@V – Esperava conquistar estes dois títulos, visto que tinha uma forte concorrência de clubes como a Liga Muçulmana e o Grupo Desportivo Iquebal que à partida para estas duas competições, o Campeonato da Cidade de Maputo e o Campeonato Nacional, ostentavam o estatuto de principais candidatos a ocupar os dois primeiros lugares do pódio?

NA – Quando assumi o comando técnico da Petromoc, face a qualidade dos jogadores que faziam parte do plantel, estava ciente de que íamos lutar para conquistar as duas provas mais importantes do país, neste caso o Campeonato da Cidade e o Campeonato Nacional. Não conseguimos ganhar o Torneio de Abertura, mas conseguimos triunfar nas duas provas mais relevantes. Fui contratado para ganhar troféus e felizmente na minha primeira época conquistámos dois.

@V – Quais foram os grandes segredos da Petromoc na presente temporada?

NA – Não há segredos. Talvez o trabalho que levamos a cabo desde o início da pré-época. Fizemos uma preparação diferente das outras formações. Antes do arranque das provas na capital do país, treinámos cerca de um mês, todos os dias, diferentemente dos outros conjuntos que treinavam três dias por semana. Depois deste período, os jogadores souberam pôr em prática, dentro das quatro linhas, os aspectos tácticos e técnicos ensaiados nos treinos.

 

Naymo Abdul é um treinador amigo dos jogadores

@V – É um treinador jovem, com apenas 39 anos de idade. Como é que tem sido o dia-a-dia no comando de uma equipa, diga-se, adulta com jogadores de créditos firmados como Carlão e Gerson Murcy?

NA – No início foi muito difícil, uma vez que tinha que treinar jogadores experientes com largos anos nesta modalidade, mas, apesar das dificuldades, graças à humildade, consegui liderar o grupo. Eu sou um treinador liberal. Por natureza, sou uma pessoa conversadora e que gosta de estar com os atletas. Não interessa a idade de cada um, todos eles são iguais. No campo são meus jogadores, fora do mesmo são meus amigos. Um líder não está só para dar ordens, por isso, sempre dava espaço para que eles contribuíssem com algumas ideias, mas a decisão final era minha.

@V – Com isso podemos concluir que o grande segredo da Petromoc reside na amizade e na cumplicidade existente entre o treinador e os jogadores?

NA – Exactamente. Mas é preciso acrescentar que, acima disso, deve reinar a humildade, a confiança e muita dedicação por parte do colectivo do clube, desde o jogador suplente até à mais alta figura da direcção. Sem isso, confesso-te, nenhum grupo poderá triunfar.

 

“O Inácio Sambo é um pai para mim”

@V – Durante o Campeonato Nacional de Futsal, que teve lugar na província de Nampula, derrotou Inácio Sambo, um dos melhores treinadores de futsal em Moçambique. Qual foi a sensação depois deste feito?

NA – O Inácio Sambo, além de ter sido meu instrutor, é um pai para mim. Foi ele que me incentivou a seguir a carreira de treinador, primeiro como seu auxiliar no Desportivo de Maputo e depois na selecção nacional. Não foi a primeira vez que o derrotei, visto que no Campeonato Nacional de 2012 no comando da formação da Autoridade Tributária de Maputo saí vitorioso no confronto que fiz com a equipa por ele liderada, e este ano voltei a repetir a façanha. O Inácio ficou feliz porque aquilo que me ensinou consegui pôr em prática.

Um breve olhar sobre o actual estágio do futsal em Moçambique

@V – Como é que vê o futsal moçambicano na actualidade?

NA – Em termos da prática da modalidade há uma evolução significativa. Há seis anos o futsal estava adormecido no país, mas com a chegada do professor Roberval Ramos, que trouxe novas metodologias de trabalho, o mesmo começou a dar passos para a frente, visto que os treinadores nacionais foram obrigados a investigar mais sobre essa especialidade para não serem ultrapassados.

O mesmo não posso dizer em termos organizativos, que ainda deixam muito a desejar, porque o futsal ainda é movimentado só em quatro províncias num país com 11 províncias. Na minha modesta opinião, a Federação Moçambicana de Futsal devia obrigar as equipas do Moçambola a ter uma equipa de futsal. Fiquei indignado quando o futsal foi retirado dos Jogos Desportivos Escolares, porque este certame seria uma grande montra para os valores emergentes da modalidade.

@V – Desde 2012 que a selecção nacional não participa em competições internacionais. Será que este facto espelha a desorganização que a modalidade enfrenta no país?

NA – Esse é um problema estrutural do futsal africano, uma vez que não existe nenhuma competição continental envolvendo os clube campeões de todos os países como acontece no futebol e nas outras modalidades, e isso ia ajudar no desenvolvimento do futsal no continente africano, especialmente em Moçambique.

O apelo de Naymo Abdul

Para que a modalidade volte aos tempos de glória, o treinador da Petromoc apelou aos dirigentes desportivos nacionais a apostarem mais no futsal, porque Moçambique tem jogadores talentosos nesta especialidade, sem esquecer os meios de comunicação para que estes ajudem na divulgação desta especialidade. Naymo declarou que irá se sentir um treinador realizado quando “apurar a selecção nacional para a fase final do Campeonato Mundial de futsal, por mais que não seja na posição de treinador principal”.

Duarte Sitoe


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