Os leitores do @Verdade classificaram como Xiconhoquices do ano:
Acidentes de viação
É deveras assustante e preocupante o número de acidentes de viação que se registou um pouco por todo o país ao longo do ano prestes a terminar. Quase todos os dias, são dezenas de vidas que são dizimadas devido à irresponsabilidade dos automobilistas e, também, da Polícia que se tem mostrado indiferente à situação.
Por exemplo, entre os dias 24 e 30 de Novembro, pelo menos 29 pessoas perderam a vida, 31 contraíram ferimentos graves e 41 ligeiros, em resultado de 54 acidentes de viação ocorridos no território moçambicano. Na verdade, o papel da Polícia da República de Moçambique (PRM) tem sido repetir, até à exaustão, que o excesso de velocidade, a condução em estado de embriaguez e as deficiências mecânicas de algumas viaturas foram as que mais contribuíram para a ocorrência desta desgraça. Aqui também estamos diante de uma Xiconhoquice, pois a Polícia, como sempre, tenta atribuir total responsabilidade aos automobilistas, o que não corresponde, de todo, à verdade. O estado das vias de acesso também contribui e não perdem nada as autoridades policiais se assumirem que alguns acidentes foram causados por isso.
Diálogo entre Governo e Renamo
O diálogo entre o Governo e a Renamo teve todos os condimentos para os leitores do @Verdade afirmarem que se tratou de uma Xiconhoquice de bradar aos céus. Até porque, aqui, no país das Xiconhoquices, o diálogo é um pecado maior, pois não se estabelecem pontes por via de consensos. Não se perde um metro na mesa das negociações quando é mais fácil resolver com fogo. A Xiconhoquice é uma doutrina que desconhece literalmente o diálogo. Ama a força e exibe armas de fogo. E foi isso a que os moçambicanos assistiram durante muito tempo.
Estávamos diante de um diálogo de surdos, onde quase todas as rondas de negociações terminaram sem acordo. Diziam-nos que a divergência residia na assinatura da acta em torno do pacote eleitoral. Se a Frelimo ganhou sempre as eleições de forma limpa, o que lhe custava tornar o processo mais transparente? Temos de morrer por causa do pacote eleitoral? Mas, quando o problema parecia que seria resolvido, surgiam outras exigências.
O Governo exigia que o partido liderado por Afonso Dhlakama revelasse quantos homens tem com vista a serem desmilitarizados e reintegrados económica e socialmente, mas o partido Renamo negava e argumentava afirmando que o Executivo devia, primeiro, apresentar um modelo de reintegração e garantir que haveria uma partilha de responsabilidades com vista a clarificar-se o que cada uma das partes deve fazer assim que a reintegração estiver efectivada. Como resultado disso, dezenas de pessoas perderam a vida.
Caça Ilegal
Parece que a caça ilegal de elefantes e rinocerontes com vista ao enriquecimento fácil está longe de ter fim, em Moçambique. Como prova disso, alguns indivíduos foram detidos e acusados de prática de caça ilegal de elefantes. Na posse dos detidos, que terão matado 39 elefantes este ano, foram encontradas pontas de marfim e espingardas.
O abate clandestino de animais – ainda sem resposta eficaz por parte das autoridades governamentais – é uma prática comum em quase todo o país. Alguns líderes comunitários são apontados como os promotores do problema, com o beneplácito da Polícia, que, também, faz vista grossa com o intuito de obter dividendos.
Para além de haver indivíduos tais como secretários do partido Frelimo envolvidos na caça furtiva, determinados comandantes distritais usam armas com as quais deviam garantir a ordem e a tranquilidade públicas para abater paquidermes
O mais caricato é o facto de a Polícia da República de Moçambique (PRM), no distrito de Mecula, na província do Niassa, ter permitido a evasão de dois cidadãos identificados pelos nomes de António Bernardo e Paulo Nyenje, que estavam a ver o sol aos quadradinhos, em virtude do seu envolvimento na caça ilegal de centenas de elefantes.
Os nossos leitores, que massivamente elegeram a corporação para a categoria de xico-mor, consideram que a fuga dos presumíveis integrantes da rede de dizimação de paquidermes no país é um retrocesso no trabalho que tem sido desencadeado contra a caça furtiva.