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Beber água continua difícil em Maputo

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Os moradores de alguns bairros da cidade de Maputo, sobretudo os da Costa do Sol, do Xipamanine, do Alto-Maé, da Urbanização, do Aeroporto e de Mavalane, estão a enfrentar um calvário devido a restrições no acesso à água fornecida pela empresa Águas da Região de Maputo. A situação afecta também os residentes da cidade da Matola e do município de Boane.

Obter o precioso líquido para consumo e outras actividades nos centros urbanos do território moçambicano foi sempre um quebra-cabeças. Imagine-se o sofrimento por que passa a população da zona rural.

Em Boane e nas urbes de Maputo e da Matola, a água jorra turva, geralmente só de madrugada, por um período de duas ou três horas e tem baixa pressão, devido a uma combinação de factores, entre os quais a chuva que cai, tendo originado a subida do caudal do rio Umbeluzi, e acumulação de impurezas, segundo as Águas da Região de Maputo. Estas disseram ao @Verdade que a situação vai prevalecer até ao fim da época chuvosa, em Março próximo.

Desde princípios de Dezembro de 2014, a crise de água agrava-se a cada dia que passa nas zonas em alusão na capital moçambicana, na Matola e em Boane. Para além de restrições no fornecimento, a turvação é de tal sorte que não oferece condições mínimas para que a água seja consumida, o que está a tirar o sono aos munícipes. Estes são obrigados a acordar muito cedo para obter dois a três bidões de 20 litros em casa de vizinhos que são abastecidos pelos furos dos operadores privados.

No bairro do Alto-Maé, por exemplo, os moradores dos prédios contaram que o drama persiste desde Outubro último. Eles queixam-se do facto de estarem a consumir água imprópria, a qual não jorra nas torneiras de vários apartamentos que se situam em pisos elevados.

Em consequência disso, em algumas avenidas da zona baixa da cidade de Maputo, o @Verdade constatou a existência de pessoas com carrinhas de tracção manual à procura de sítios onde é possível obter água dos fornecedores privados, alguns dos quais praticam preços exorbitantes.

Alguns habitantes disseram à nossa Reportagem que se o problema não for resolvido urgentemente, o martírio vai agravar-se nos próximos dias e pode haver eclosão de doenças tais como a cólera, a diarreia e outras enfermidades resultantes da falta de higiene.

Segundo Mayda Ferreira, do bairro do Alto-Maé, quarteirão 22, as Águas da Região de Maputo estão a par do problema, por intermédio da comissão dos moradores, mas ainda não há nenhuma solução à vista.

Por sua vez, Armando Vicente, que vive no quarteirão 21, na mesma zona, disse que a crise está a criar constrangimentos aos utentes daquela firma: “A água fornecida por esta empresa não é própria para confeccionar alimentos nem beber devido à turvação e às impurezas”.

Hilário Silveira, residente no bairro de Mavalane, no quarteirão 21, declarou que “o que mais me preocupa é que a água fornecida é turva e parece nociva à saúde, mas ninguém faz nada em relação a este perigo. Tenho fervido a água antes de beber”. Há dias em que a situação é bastante crítica e, por vezes, “bebo água mineral e uso-a para cozinhar”.

Anina Honwana vive no segundo andar num dos prédios do Alto-Maé. Porque a sua torneira não jorra água desde Outubro passado, ela sobe e desce as escadas várias vezes com um bidão de 20 litros de água na cabeça todos os dias, antes de ir ao trabalho. Para o efeito, ela levanta-se entre as 04h00 e 05h00 da manhã para formar bicha porque a luta pelo acesso ao precioso líquido tem sido bastante renhida. “Estamos a sofrer aqui no bairro. Imagine que eu sou obrigada a subir e a descer as escadas 10 ou mais vezes por dia, devido à crise de água”.

O drama repete-se na vida de Farida Caria, do mesmo bairro, pois ela desperta por volta das 03h00 para o mesmo fim. “O salário que ganho é irrisório e quando a água não sai sou obrigada a contrair empréstimos para comprar água mineral para confeccionar os alimentos e beber”. Maria Cossa reside no quarteirão 15, do bairro do Aeroporto.

De acordo com ela, desde a primeira quinzena de Dezembro do ano passado, o fornecimento de água tem sido penoso. No bairro da Costa do Sol, dezenas de moradores também interrompem o sono de madrugada para procurarem água.

Emídio Gazite é testemunha da dura realidade vivida na zona. “Estamos mal e não sabemos o que vai acontecer nos próximos dias caso não se adopte uma solução para atenuar o sofrimento dos moradores, que logo de manhã são obrigados a percorrer cinco a 10 quilómetros para obterem água”.

Samira Cassamo, residente no quarteirão 60 daquele bairro, disse que a água não jorrava na sua torneira há uma semana, e o sofrimento é bastante notável. “Andamos com vasilhas para pedir água onde seja possível”.

A empresa Águas da Região de Maputo reconheceu à nossa Reportagem que há irregularidades no fornecimento do precioso líquido, devido também às obras de ampliação do sistema de abastecimento que vai garantir a disponibilidade do precioso líquido 24 horas por dia. Mas sabe-se que na Matola, em Maputo e Boane a falta de água já é um problema crónico cuja solução parece não depender apenas da construção dos referidos sistemas de fornecimento que têm sido propalados.


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