Há muito que os cerca de 40 trabalhadores do estaleiro da Construções Nasser, uma empresa privada, sediada na cidade de Nampula, não auferem a totalidade dos seus ordenados. Parte significativa dos salários é convertida em quilogramas de arroz, farinha de milho, açúcar e alguns litros de óleo, além de serem obrigados a contrair dívidas com aquela construtora.
A questão das dívidas obrigatórias, sobretudo em produtos alimentares de primeira necessidade, de acordo com os trabalhadores da Construções Nasser, associa-se aos despedimentos arbitrários e à falta de contratos de trabalho, factores que concorrem para o mau relacionamento entre o patronato e os respectivos operários.
Akil Nasser, sócio-gerente da empresa, desmentiu as alegações, afirmando não haver qualquer plano de oferta de produtos alimentares, quer por meio de dívidas, quer de forma grátis.
O nosso interlocutor confirmou, entretanto, o afastamento sistemático de trabalhadores, mas disse tratar-se de indivíduos cujos contratos são celebrados em função das necessidades da companhia. “Nós somos uma empresa pequena do ramo da construção civil, e o volume do nosso trabalho é em função das solicitações dos nossos clientes”, afirmou Nasser em entrevista ao @Verdade.
De acordo com o nosso entrevistado, devido à falta de contratos para a execução de empreitadas, associada à intransitabilidade de algumas vias de acesso, a sua empresa viu-se obrigada a paralisar as suas actividades, com destaque para a de fabrico de blocos de construção, facto que fez com que um número considerável de funcionários rescindisse os seus contratos, alguns dos quais com salários em atraso.