Cerca de 500 cidadãos moçambicanos que habitavam uma região agora ocupada pela mineradora Vale Moçambique, em Moatize, na província central de Tete, manifestam-se pacificamente desde a tarde desta Terça-feira (16) exigindo a parte restante da sua compensação devido a perda da suas terras de residência e de onde tiravam a sua principal fonte de rendimento: a fabricação de tijolos na base de argila.
Os oleiros, que foram reassentados em Cateme, 25 de Setembro e no 4º bairro, dirigiram-se no princípio da tarde desta Terça-feira (16) para a mina da Vale onde pediram para falar com os responsáveis sobre a sua reivindicação. Ninguém da Vale quis dialogar.
Os cidadãos decidiram forçar o diálogo bloqueando o acesso principal à mina da Vale, colocaram pedras na estrada e sentaram-se no local. Entretanto os manifestantes aperceberam-se que os trabalhadores da Vale estavam a usar um acesso alternativo existente e mobilizaram-se para cortar também esse acesso à mina da Vale em Moatize.
Os oleiros pernoitaram no local e prometem não sair enquanto não virem as suas reivindicações atendidas.
Há indicação de presença policial no local, agentes da polícia de proteção pública. Não há registo de nenhum tipo de violência ou confrontação, até às primeiras horas desta Quarta-feira (17).
Governo ajudou a diminuir a indemnização
Este imbróglio surge na sequência da necessidade de ocupação da zona, onde os oleiros viviam e realizavam o seu sustento, para a instalação da mina de carvão da Vale. Na altura foi negociada uma indemnização para cada um dos oleiros, que começou com uma proposta dos afectados de 1 milhão de meticais, seguido de uma contraproposta da Vale Moçambique de 120 mil meticais para cada um desdes cidadãos que estavam a ser forçados a sair das suas terras onde não só residiam mas também dela tiravam o sustento diário.
Entretanto o Governo de Moçambique entrou na negociação e decidiu que 120 mil meticais era um valor muito alto e baixou para 90 mil meticais o valor da indemnização a ser paga pela Vale Moçambique.
Até hoje os oleiros receberam apenas 60 mil meticais. Reivindicam os restantes 30 mil meticais.
Segundo um oleiro quando podia realizar o seu ganha pão conseguia produzir uma média de 30 a 50 mil tijolos durante um mês. Os tijolos de argila eram comercializados a 2 meticais o que lhe permitia ganhar, nos melhores meses, 60 mil meticais.