A treinadora e basquetebolista do Costa do Sol, por sinal a capitã da selecção nacional, Deolinda Ngulela, defende que o basquetebol moçambicano precisa de uma reflexão interna entre os técnicos e uma mudança no relacionamento entre os mesmos. Ela abordou este assunto no Workshop realizado no sábado (27) em Maputo.
De acordo com capitã das “Samurais”, actual treinadora da equipa de basquetebol sénior feminina do Costa do Sol, a iniciativa visa, sobretudo, aprender um com o outro e abandonar tudo o que constitui distracção, nomeadamente intrigas e acusações entre os técnicos e árbitros, algo que tem sido frequente no basquetebol moçambicano.
Para Ngulela, os fazedores da modalidade da bola ao cesto devem pautar pelo diálogo para a busca das soluções, tendo em vista o desenvolvimento do basquetebol em Moçambique.
“A ideia é concentrar-se naquilo que é a nossa modalidade, de que gostamos e que está a morrer por coisas que nos distraem, e dizer vamos acordar e melhorar o basquetebol, o que podemos fazer ou trazer para que a modalidade possa melhorar. É fácil olhar outras pessoas, para a federação, associação e para o o Governo, mas em nenhum momento nós, como treinadores, que somos um elo muito importante da modalidade, fazemos a reflexão interna para inverter a situação em que o basquetebol hoje se encontra”, lamentou.
Por outro lado, Deolinda declarou que há pessoas que podem trazer conhecimento e outros que querem aprender, mas que não têm oportunidade ou espaço para tal, porque nada existe planificado.
“Acho que havia muita necessidade de se fazer isto. Faz-se muito na Europa, na América. O facto de tu saberes o que eu estou a fazer em termos tácticos não implica que vais parar a minha equipa, porque no fundo tu podes parar a minha jogada, mas não podes parar o meu jogador. Então, o que eu pretendo é saber porque é que tu defendes melhor que eu; o que tu fazes que eu não faço, como tu atacas melhor que eu”, disse.
Continuando, a atleta e treinadora do Costa do Sol declarou que se inspirou no professor José Araújo que recentemente esteve em Moçambique.
“Mas eu sempre questionava…são pessoas que vêm por um e dois dias, com outra experiência, outra visão, outra realidade. E queria criar uma coisa que correspondesse à nossa realidade, isto é, entre pessoas que vivem o dia-a-dia do basquetebol moçambicano. Nós temos que nos organizar primeiro internamente e depois irmos à busca de soluções, e assim a ligação torna-se mais fácil”.
Sem deixar promessas, Deolinda Ngulela falou da necessidade de a reflexão acontecer a nível provincial, senão nacional.
“Eu só queria dar o pontapé de saída. Daqui vamos à procura de parceiros de modo a levarmos este debate para as províncias, porque o basquetebol não é apenas a cidade de Maputo que movimenta o basquetebol, mas sim todas as províncias”.
Importa referir que os treinadores e os fazedores da modalidade reuniram-se com o intuito de encontrarem soluções de modo a tirarem o basquetebol moçambicano do estado moribundo em que se encontra mergulhado.