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@Verdade Editorial: Sem (mais) dias de graça

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Senhor Presidente Filipe Nyusi, agora, que já detém todos os poderes, é certo que o propalado bem-estar do povo e o futuro risonho das crianças vai passar do papel e dos discursos à realidade. Todavia, sabemos que essas promessas levam tempo para acontecerem.

Passados 100 dias, desde que tomou posse, as suas atitudes começam a recordarem-nos o seu antecessor. É muito pouco tempo mas algumas dúvidas em torno das suas promessas de governação já tomam conta de nós.

As incursões do nosso Presidente nos negócios são publicamente desconhecidos. O Senhor já apresentou a sua declaração de património? Existe uma Lei de Probidade Pública, que, a par de demais leis, o Senhor prometeu ao povo, o seu patrão, respeitar e fazer respeitar.

Já o vemos a voar de helicópteros para visitar o povo, o que não é mau. Contudo, aproveitar-se dos meios do Estado para nas suas Presidências Abertas para participar em encontros do seu partido é desgastante. Os nossos recursos não podem, de forma nenhuma, custear as suas deslocações para tratar assuntos do partido.

Por um lado, o Senhor tem mostrado e reafirmado o seu compromisso com a paz. Mas, por outro, não percebemos por que motivos no primeiro orçamento do seu governo, as Forças Armadas vão receber um bolo três vezes maior que o destinado à Saúde e dez vezes maior que o da Educação!

Teremos mais soldados que os médicos e os professores? Ou será que os militares vão ganhar muito mais do que aqueles que devem salvar a vida dos seus patrões, o povo? Será o prioritário é investir no Exército e não valorizar e motivar os professores?

O Senhor Presidente afirmou que iria apostar na formação e no desenvolvimento do capital humano, o que chamou de “principal activo nacional”. Porém, dá-se uma fatia maior, do bolo orçamental, à polícia “secreta” em vez de dignificar os nossos professores.

As suas intenções de inclusão, olhando para o seu plano quinquenal, senhor Presidente, não passam do que acima dissemos: os empregos dignos continuarão a faltar, a ligação do país continuará a ser apenas pela única estrada que conhecemos, continuará a faltar habitação e transporte digno nas zonas urbanas, a energia continuará a não iluminar a todos e a maioria dos moçambicanos vai continuar a não ter água potável!

Se o dinheiro não chega é preciso rever as más opções económicas que foram feitas e não mantê-las como pretende dar a entender. A ser verdade que encontrou os cofres do país vazios, os responsáveis por isso não são desconhecidos.

Ou será que lhe falta coragem para fazer mudanças que realmente melhorem a vida do seu patrão, o povo?


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