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Munícipes de Maputo consideram que a Polícia está a perder prestígio devido à criminalidade

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Alguns residentes da capital moçambicana, onde os crimes tais como sequestros e baleamentos são perpetrados em plena luz do dia perante uma aparente inacção das autoridades da Lei e Ordem, consideram que os 40 anos de criação da Polícia da República de Moçambique (PRM), devem ser comemorados sem muita euforia em resultado de a criminalidade estar a recrudescer e a tirar o sossego à sociedade.

Segundo alguns munícipes entrevistados pela nossa Reportagem, por ocasião da efeméride, enquanto os criminosos estiverem à solta, destemidos e as detenções que têm sido levadas a cabo visarem cidadãos “inocentes”, a missão da Polícia de garantir a ordem, segurança e tranquilidade pública estará constantemente posta à prova e com tendência de cair no descrédito.

Numa altura em que as autoridades anunciam que entre Janeiro e Abril deste ano pelo menos 100 polícias foram expulsos das fileiras por comportamentos desviantes e é uma lástima “o facto de existirem comunidades” que convivem “com polícias que comentem irregularidades, mas que não as denunciam às entidades competentes", o que “atenta contra a boa imagem da corporação", os maputenses corroboram com as opiniões de diferentes segmentos da sociedade, segundo as quais a Polícia não tem tido uma postura exemplar no combate ao crime e não pode, de forma alguma, escudar-se na falta de meios para o efeito.

Ezequiel Mourão, um dos residentes na cidade de Maputo, entende que a Polícia de Protecção não zela cabalmente pela ordem, segurança e tranquilidade pública da população, mas sim dos governantes. Um cidadão de classe baixa, além de ter que lidar com as extorsões por falta de bilhete de identidade quando é interpelado na via pública, vive amedrontado devido à vaga de assaltos e sequestros, por exemplo. Por isso, ele julga que a PRM perdeu o prestígio.

O nosso entrevistado disse que é difícil ter uma corporação exemplar enquanto no seu seio existirem infiltrados que facilitam as artimanhas dos malfeitores.

Um outro cidadão, identificado pelo nome de Gefferson Mitaken, lamentou o facto de certos agentes da Lei e Ordem acharem que ter uma arma de fogo na sua posse é um recurso para extorquir dinheiro ao cidadão, intimidar e praticar o abuso de poder. De acordo com ele, a Polícia de Investigação Criminal (PIC) ainda não cumpre cabalmente a sua tarefa, para além de que há elementos que protagonizam desmandos.

“Já presenciei uma situação em que um membro daquela corporação tirou uma arma do tipo pistola e apontou-a à cabeça de um cidadão depois de uma discórdia na divisão de um valor cuja proveniência desconheço. O agente da PIC alegava que podia matá-lo se não desembolsasse mais”, contou Gefferson.

Uma cidadã que se identificou pelo nome de Matilde, de 50 anos de idade, residente no bairro de Maxaquene, uma das zonas da capital moçambicana onde a criminalidade apresenta níveis elevados, narrou que nunca tinha visto armas de fogo de perto mas um dia foi ameaçada pelos meliantes. Na sua opinião, tais instrumentos bélicos são, em parte, fornecidos pela Polícia.

Segundo ela, de há tempos para cá as violações sexuais de mulheres e crianças, na pior das hipóteses até à morte, são constantes. Os protagonistas são detidos mas, volvidas algumas horas, voltam a conviver nas mesmas comunidades com as vítimas. A corrupção e o tráfico de órgãos humanos são outros males que inquietam a sociedade. “Não temos justiça nem segurança para as pessoas indefesas como eu. Por mais que vedes a tua residência, esses criminosos entram, espancam-te e roubam o que lhes apetece”.

Uma outra cidadã que responde pelo nome de Maria Ferreira, empresária de nacionalidade portuguesa, residente no município da Matola, há 46 anos, disse à nossa Reportagem que em Moçambique há insegurança. Uma pessoa batalha para sobreviver, faz investimentos e ao fim ao cabo é morta pelos meliantes ou sequestrada. Ela questionou o paradeiro da Polícia.


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