Contra a corrente das críticas em relação o facto de Moçambique gerar energia eléctrica suficiente para satisfazer as necessidades de consumo interno, mas tal situação torna-se nula porque o país exporta barato e depois reimporta caro de companhias tais como a sul-africana Electricity Supply Commission (ESKOM), Pedro Couto, ministro dos Recursos Minerais e Energia, defendeu, na quinta-feira (02), no Parlamento, que se deve continuar a exportar energia pois os benefícios financeiros viabilizam certos projectos de desenvolvimento e não se poder impedir que as empresas se envolvam nesse negócio.
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) entende que a população sofre cortes sistemáticos no fornecimento de corrente eléctrica, apesar de o país ser o segundo maior produtor da região da África Austral, depois da África do Sul, e a quarta nação com menos acesso à electricidade pelos cidadãos. O sofrimento a que eles estão sujeitos não faz sentido para uma nação que produz bastante energia para o consumo interno mas depende de terceiros.
Por outro, o partido, com 17 deputados na Assembleia da República (AR), mostra-se indignado com a baixa qualidade de energia e com o facto de haver cidadãos que perdem os seus electrodomésticos em consequência das constantes oscilações sem que a Electricidade de Moçambique (EDM) os ressarça por tal dano.
No primeiro dia da sessão plenária de perguntas ao Governo, em resposta à questão colocada pelo MDM, Pedro Couto começou por esclarecer que o qualidade e a fiabilidade de energia são, regra geral, avaliadas através do “tempo total acumulado das interrupções” – que deve estar muito “próximo de zero” – e o “período da disponibilidade”. E é preciso “distinguir as interrupções programadas para efeitos de manutenção e as não programadas”, tais como avarias devido a calamidades.
Segundo o ministro, a vandalização de infra-estruturas eléctricas, as ligações clandestinas, o roubo de cabos e outros materiais, são problemas ainda inquietantes porque em conjunto atingem “proporções de verdadeiras calamidades”.
Pedro Couto falou depois dos projectos em curso no país com vista a melhorar o acesso à energia pelos cidadãos, bem como expandir a rede de abastecimento. Todavia, o MDM não ficou satisfeito nem convencido com a explicação do Governo, e procurou saber porque razão mais da metade da energia gerada pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), a segunda maior barragem de África, ainda é vendida a firmas como a ESKOM.
No segundo dia da sessão, respondendo a perguntas de insistência, Couto afirmou que se deve reestruturar o sector energético e para tal é preciso ter empresas capazes prover os serviços com princípios de racionalidade e cumpram os requisitos ambientais.
De acordo com o governante, este ano, o Governo já iluminou 15 povoados e a electrificação rural não é um fracasso conforme defendem alguns segmentos da sociedade. É necessário que se aposte em fontes de energias alternativas, tais como o gás que é uma promessa para o futuro e o carvão mineral, para responder à demanda dos moçambicanos e das indústrias.