Vivo na cidade de Chimoio, província de Manica, há dois anos por motivos académicos. Frequento o ramo das Ciências de Comunicação, que somente esta província e a cidade de Maputo oferecem por intermédio da Escola Superior de Jornalismo.
Recentemente, passou por esta cidade a tocha que transportava a Chama da Unidade Nacional, que se pressupunha que, sendo para a tão propalada Unidade Nacional, fossem criadas as condições de modo a que todas as pessoas, independentemente de pertencer a cor partidária X ou Y, pudessem ter o acesso ao local do comício sem qualquer receio.
O que se viu foi uma espécie de campanha eleitoral a favor do partido no poder e do candidato que concorrera a seu favor no escrutínio passado, pese embora não se estivesse num momento próximo a algum pleito eleitoral. Este factor fez com que a chamada Unidade Nacional perdesse o seu sentido real e transformou-se numa "chama da diabolização de quaisquer ideias contrárias ao cinquentenário", o que afugentou a maior parte dos interessados.
O outro elemento teve a ver com a comemoração do quadragésimo aniversario da independência nacional. Em relação a este evento, pelo simbolismo que representa para o país, pressupunha-se que fosse uma verdadeira mega festa para todo o moçambicano. Porque as pessoas estão habituadas que, quando vão a cerimonias públicas, irão ouvir uma campanha eleitoral a favor de um determinado partido, o evento e o número de pessoas que se dirigiu ao local das festividades ficou longe de conferir o real significado da data.
Para piorar ainda mais, até a altura da saída da tribuna de honra, não havia nem meia centena de pessoas no local. Até por volta das 13 horas da passada quinta-feira, a o local do comício e a cidade estavam às moscas. Será que é essa Unidade Nacional que o nosso Estado almeja para os moçambicanos?
Por Delfim Uatanle