A Renamo entende que o cerco e desarmamento dos seguranças de Afonso Dhlakama, na sexta-feira passada (09), na cidade da Beira, em Sofala, é uma falta de seriedade por parte do Governo, foi uma atitude que pode exacerbar as desconfianças entre as partes e exige que o seu líder seja protegido por uma força constituída pelas Forças de Defesa e Segurança e pelos guerrilheiros desta antigo movimento beligerante em Moçambique.
Dhlakama foi encurralado pela manhã e os seus seguranças desarmados pela Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e o Grupo Operativo Especial (GOE) menos de 24 horas depois de ter reaparecido em Gorongosa. O
Executivo ainda não emitiu quaisquer pronunciamentos em torno do assunto e em actos como estes a Polícia é que tem dado o rosto deixando transparecer que se trata de um acontecimento de ordem e segurança pública. Contudo, informações veiculadas pela rádio e televisão públicas – com sinais de “encomenda” à mistura – deram conta de que se tratou de um desarmamento com vista a que o presidente da “Perdiz” seja protegido pela Polícia da República de Moçambique (PRM), conforme se tem defendido desde os tempos do ora suspenso diálogo político.
O próprio líder da Renamo disse na sexta-feira, após o fim do “assalto” à sua residência na rua das Palmeiras que para ele o acontecimento significava “o começo da reintegração" (nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique) dos seus seguranças detidos e mais tarde restituídos à liberdade mediante a sua exigência.
Nesta segunda-feira (12), o porta-voz da Renamo, António Muchanga, convocou uma conferência de imprensa para declarar que "nós não confiamos na Polícia da República de Moçambique e ninguém deve ser obrigado a ser guarnecido exclusivamente por pessoas que não são de confiança".
As palavras do spokerman do maior partido da oposição endossam as declarações do seu líder, na última sexta-feira, segundo as quais “estamos a insistir que depois disto (do cerco da sua casa e dominação dos seus homens armados), o passo seguinte, já para a semana, haja unidades da Renamo e da Frelimo a serem treinadas na Polícia".
Sobre o avanço das concertações há dias anunciadas pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e confirmadas pela própria Renamo, para um terceiro encontro dom Dhlakama, nada se sabe nos últimos dias. Enquanto isso, o país resvala a cada dia para um clima de tensão político-militar de cortar à faca e para um futuro incerto, pese embora os apelos ensurdecedores de apelo à paz e espírito de confiança.