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“Rainha do marfim” detida na Tanzânia

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Foto Elephant Action LeagueA “rainha do marfim” foi detida na semana finda pelas autoridades tanzanianas, após uma perseguição pelas ruas de Dar es Salaam. Yang Feng Glan, cidadã chinesa, é acusada de ser responsável pelo tráfico de mais de 700 pontas de marfim.

Chama-lhe “rainha do marfim” porque durante 14 anos foi responsável pelo tráfico de 706 marfins de elefante da Tanzânia para o resto do mundo, principalmente para a sua pátria natal onde o produto é usado em objectos de ornamentação. A fama, ou antes a infâmia, deve-se ao facto de Yang se ter tornado na dona do comércio ilegal de marfim proveniente do continente africano com a mesma facilidade com que ludibriava as autoridades e se misturava com os cidadãos de bem.

De 66 anos de idade, esta cidadã chinesa que levava uma vida dupla, sendo conhecida como proprietária do maior restaurante de comida chinesa em Dar es Salaam, foi detida após uma perseguição frenética, digna dos filmes de Hollywood, pelas ruas da capital tanzaniana na semana passada.

De acordo com a organização norte-americana de protecção de elefantes “Elephant Action League” recentemente Glan, que estava sob a mira da Unidade Tanzaniana de Investigação de Crimes Sérios Nacionais e Transnacionais há pelo menos um ano, mudou-se para o Uganda e mantinha boas relações com elites na China e na Tanzânia, que lhe permitiam mover-se impunemente enquanto prosseguia com as suas actividades ilegais.

Yang Feng Glan, que entretanto confessou muitos dos seus crimes, foi presente a um juiz na quarta-feira(07) que legalizou a sua detenção preventiva, e arrisca-se a cumprir entre 20 e 30 anos de cadeia na Tanzânia.

A população de elefantes na Tanzânia é uma das maiores do nosso continente mas tem sido seriamente afectada pela caça ilegal. Entre 2009 e 2014 o número destes paquidermes reduziu de 109.051 a 43.330 animais.

“Yang estava no meio desta matança (…) ela trabalhava com os maiores e mais perigosos caçadores ilegais da Tanzânia e da região”, afirmou Andrea Crosta, directora executiva da “Elephant Action League” que acrescentou que esta cidadã chinesa, natural de Beijing, está ligada a várias empresas internacionais, propriedade de chineses.

Glan chegou ao continente africano nos anos 70 como tradutora, e foi uma das primeiras chinesas a dominar o swahili, quando a China começou a construir linhas férreas na Tanzânia.

Em pouco tempo converteu-se numa mulher de negócios e fundou as suas próprias empresas, a Beijing Great Wall Investment e o restaurante Beijing, tendo chegado a vice-presidente e secretária-geral da Câmara de Comércio China-África, na Tanzânia.

O restaurante era usado como fachada para o tráfico de marfim que, escondido em caixas de alimentos, entrava e saía do local.

A “rainha do marfim” não só comprava o marfim proveniente da caça ilegal como ainda financiava os caçadores ilegais, fornecendo-lhes armas e munições.

Apesar de as suspeitas datarem da há cerca de um ano, só na semana passada as autoridades da Tanzânia decidiram detê-la. Cercaram a sua residência, durante sete horas, mas Glan conseguiu escapulir-se por uma porta lateral, entrar numa viatura e fugir a alta velocidade desencadeando a perseguição que culminou com a sua detenção.

A detenção de Yang Feng Glan acontece uma semana depois de uma outra cidadã chinesa, Li Ling Ling, ter sido presa e acusada de tráfico de marfim para a Suíça. Em Dezembro, um cidadão de nacionalidade queniana, identificado pelo nome de Feisal Ali Mohammed, também foi detido por agentes da Polícia Internacional na Tanzânia e acusado de ser o chefe do crime organizado e uma das figuras centrais do tráfico de marfim.


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