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Calou-se a voz rouca e grossa do músico Xadreque Mucavele (1955-2015)

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Foto de ArquivoA voz, caracteristicamente rouca e grossa, de José Mucassane Mucavele, conhecido como Xadreque Mucavele, calou-se na passada sexta-feira(16). O músico que ao longo de mais de três décadas registou grandes temas como “Pitory”, o popular “Ximbomana” e “Barigana” sentiu-se mal na quinta-feira e acabou por perder a vida do Hospital Central de Maputo, aos 60 anos de idade.

“Sofremos pela revolução política e pela música, mas hoje não somos reconhecidos, no mínimo que nos devolvam os espaços onde actuávamos, como os cinemas e casas de cultura que se encontram encerradas, para que possamos divulgar a nossa música ligeira que afinal é o cartão de visitas para o turismo”, disse ao @Verdade há em 2009 numa entrevista onde também lamentou o pouco apoio da comunicação social à música moçambicana. “Nenhuma rádio excepto a RM paga os direitos autorais aos músicos”.

Xadreque Mucavel que trabalhou com várias bandas, com destaque para o “Grupo RM”, “Nova Dimensão”, “Omba Mô” e “Central Line”, explicou na altura o conteúdo de “Ximbomana”, uma das suas mais famosas canções de todos os tempos, lançada em 1978 e reeditada duas vezes, "retrata situações de tortura que eram protagonizados pela polícia de choque nos bairros suburbanos".

Xadreque começou a cantar em 1972 com uma banda chamada “Black Boys”. Na altura apresentavam-se em cinemas e centros culturais como Ntsindza, Folclore, Sheik, Zambi, Dragão e Gil Vicente. “Éramos contratados por várias casas de pasto e abrilhantávamos as noites com música ao vivo e fazíamos boas composições, com conteudos educativos, porque havia censura”.

O músico, que nasceu a 6 de Setembro de 1955 na cidade Cidade de Maputo,  preparava-se para lançar um álbum intitulado "Unanga". Tem quatro álbuns editados, para além de inúmeras canções publicadas no tempo colonial sob a chancela da Produções 1001 e depois do INLD (Instituto Nacional do Livro e do Disco).

Os restos mortais de Xadreque Mucavel,  que deixa viúva e onze filhos, vão a enterrar nesta segunda-feira no Cemitério de Lhanguene, antecedido de velório na Igreja Metodista Wesleyana de Mavalane, cidade de Maputo.


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