Uma nova avaria na barragem de Chicamba está a colocar em risco de doenças originadas pelo consumo de água não potável algumas dezenas de milhares de moçambicanos residentes nas zonas urbanas de Chimoio, Manica e nas Vilas de Gondola, Messica e Bandula. Para a maioria de 1,6 milhão de residentes da província de Manica o acesso a água potável canalizada dentro de casa ou no quintal é um luxo, acessível a apenas 5,1% da população desta província do centro de Moçambique.
Desde quarta-feira (04) que o Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de água (FIPAG) em Manica está a fornecer água potável com restrições, alegadamente devido a uma avaria técnica, não especificada no comunicado entretanto difundido, na estacão de captação localizada na albufeira de Chicamba, gerida pela Empresa Pública Electricidade de Moçambique (EDM).
Esta avaria acontece menos de um mês depois de uma outra registada durante a segunda quinzena do mês de Outubro. Na altura, segundo o jornal Notícias, a Subestação de Chicamba sofreu uma avaria grossa, não especificada, e um motor do FIPAG tinha rebentado.
Recorde-se que no final de 2013 o então Presidente Armando Guebuza lançou com pompa as obras de reabilitação das barragens hidroeléctricas de Chicamba e Mavuzi, orçadas em 125 milhões de dólares norte-americanos, que previam estar concluídas em finais de 2015 após a substituição dos grupos geradores, reabilitação das comportas e do painel do controlo. Na altura foi considerado o maior investimento do Governo moçambicano em infra-estruturas de produção de energia eléctrica da EDM e seria executado por um consórcio francês e norueguês denominado Cegelec/RainPower/HidroKast.
Sem água canalizada, os cerca de cem mil clientes do FIPAG têm de percorrer vários quilómetros para se abastecerem do precioso líquidos a partir de fontes impróprias para o consumo o que deixa antever no horizonte o surgimento de doenças diarreicas originadas pela má qualidade da água.
De acordo com o Inquérito Demográfico de Saúde de 2011 somente 1,5% dos habitantes de Manica tinha água canalizada dentro de casa e 3,6% tinham água canalizada no quintal ou talhão. A maioria, 56,2%, abastecia-se de água de fontes não melhoradas enquanto pelo menos 30% conseguiam água de fontes à superfície.
Embora a melhoria do acesso a água potável esteja nas promessas do Governo de Filipe Nyusi, nomeadamente no seu plano quinquenal, em termos reais poucos fundos foram alocados no Orçamento de Estado para esse fim.