A Polícia da República de Moçambique(PRM) deteve três pessoas indiciadas por lincharem duas crianças nos arredores de Chiurairue, distrito de Mossurize, província de Manica, centro de Moçambique.
Segundo uma fonte da PRM, citada pela agência Lusa, as crianças, de oito e onze anos de idade, segundo a polícia, eram suspeitas de terem roubado uma bateria que alimentava um sistema de aparelhos de som de uma residência, e morreram à paulada, alegadamente agredidas por uma mulher e dois homens.
"As duas crianças morreram instantaneamente" ao serem "agredidas a varas e pontapés pela proprietária da bateria e seus dois familiares, que se juntaram ao crime na manhã de quinta-feira", disse à Lusa Vasco Matusse, porta-voz do comando da Polícia de Manica, deplorando o sucedido.
Os suspeitos em causa, disse Matusse, foram encarcerados nas celas do comando distrital da Polícia de Mossurize, após a denúncia do crime. Um processo judicial, por homicídio qualificado, foi instaurado para a sua responsabilização criminal. Os menores foram a enterrar na sexta-feira num cemitério local.
Apesar da ocorrência no passado de linchamentos por suspeitas de roubo na província de Manica, é a primeira vez que as vítimas são menores, avança a Polícia. O histórico de linchamento em Manica começou em 2006, durante revoltas populares sobre a "impunidade policial" na região.
Em 2012, os governos de Manica e Sofala iniciaram uma campanha de capacitação de líderes comunitários, religiosos e outras figuras influentes nas comunidades sobre o funcionamento da máquina da justiça e procedimentos processuais, para evitar linchamentos, mas o fenómeno não parou.