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Malfeitores protagonizam desmandos nos terminais de passageiros em Nampula

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Está instalada a insegurança pública nos terminais de passageiros ao nível da província de Nampula, norte de Moçambique, devido aos desmandos protagonizados por malfeitores que agridem, violentam e assaltam as pessoas que se dirigem àqueles locais para tomar o transporte. Os actos ocorrem a todo o momento bastando que os gatunos achem conveniente porque a fiscalização dos agentes da Polícia não é suficiente para contornar a situação, que tira o sono não só aos utentes, como também aos transportadores, que já se sentem ameaçados.

Passageiros interpelados pela Reportagem do @Verdade em Nampula, e que preferiram falar na condição de anonimato, contam que o cenário de criminalidade que se vive nos terminais rodoviários é deveras preocupante porque os gatunos não têm horas para “actuar”, chegando a protagonizar os assaltos à luz do dia.

As fontes acusam os agentes da Lei e Ordem de nada fazerem para travar a acção dos criminosos porque, segundo explicam, os assaltos, agressões e roubos acontecem “debaixo do seu nariz”, sendo os passageiros as principais vítimas quando se trata de roubos de bagagens.

No terminal de passageiros localizado na zona da Padaria Nampula, apurámos que os automobilistas que fazem o transporte interprovincial partem da cidade de Nampula entre as duas e as três horas de madrugada. Nesse período, os malfeitores escondem-se nas vias estreitas e sem iluminação porque se trata de locais onde raramente a Polícia faz a patrulha.

Entretanto, apurámos ainda que os utentes da terminal da Padaria Nampula tentaram várias vezes participar os casos às autoridades mas nada foi feito para estancar o mal. As fontes não descartam a possibilidade de os agentes estarem a agir de forma conivente para facilitar o trabalho dos gatunos.

As vítimas acrescentaram que mesmo que alguém seja roubado ou sofra um assalto na presença dos homens da Lei e Ordem, eles fazem vista grossa e fingem que nada aconteceu deixando, desta forma, os cidadãos à sua sorte, facto que coloca em causa a segurança das pessoas. António Anastácio, estivador de cargas no terminal da Padaria Nampula confirma a ocorrência de actos criminais e responsabiliza a Polícia e aponta também a falta de coordenação entre os cidadãos como um dos problemas. “Mesmo que a pessoa seja assaltada durante o dia, as outras limitam-se apenas a assistir, sem, no entanto, se preocuparem em intervir. Isso contribui para que casos do género aconteçam todos os dias”.

Os criminosos não escolhem as vítimas

António Atanásio, citadino de Nampula, diz que na Padaria Nampula os criminosos não escolhem as suas vítimas porque o que eles querem são os bens da população.

Por exemplo, quando descobrem que um determinado passageiro possui somas elevadas de dinheiro, os amigos do alheio preferem tomar o mesmo carro e controlar o destino da vítima. Depois de descerem, assaltam-na. De acordo com António Anastácio, na semana passada uma pessoa ficou gravemente ferida em consequência de uma agressão protagonizada pelos malfeitores. Infelizmente, não conseguiram apoderar-se dos bens que ele trazia graças à intervenção de dois guardas de uma empresa de segurança privada.

O nosso entrevistado recorda, igualmente, que no ano passado, um corpo sem vida foi encontrado numa das covas que haviam sido abertas para enterrar lixo. Depois das investigações, apurou-se que se tratava de um motorista que fazia o trajecto Nampula – distrito de Eráti-Namapa que foi agredido mortalmente quando se dirigia à casa depois de uma jornada laboral, tendo-lhe sido arrancada a receita do dia.

Passageiros também preocupados

Na ronda efectuada nos terminais da Faina e Naloko, algures na cidade de Nampula, os passageiros estão também preocupados com a criminalidade porque a mesma está a atingir níveis alarmantes dada a vulnerabilidade e o risco para a segurança que isso representa. Mais uma vez, a Polícia é considerada inoperante por não estar a saber controlar o situação.

Há vezes em que os cobradores são agredidos durante a noite quando guarnecem os carros, o que faz com que alguns prefiram dormir nas suas casas. Porém, estes vêem as peças das viaturas roubadas ou danificadas.

Que tipo de instrumentos usam os gatunos?

Informações em nosso poder indicam que os gatunos andam munidos de armas brancas para imobilizar as suas vítimas de modo a não reagirem, sendo que para roubar peças sobressalentes das viaturas eles contam com o apoio de um suposto mecânico profissional.

Simione Ramos de Albuquerque é residente do distrito de Murrupula. Interpelámo-lo no terminal interdistrital da Faina, onde nos disse que, apesar de por aquele local passarem pessoas “estranhas”, os malfeitores vestem-se formalmente para evitar suspeitas. A fonte acrescenta que “os agentes da Polícia não trabalham. A sua acção não se faz sentir no terreno”.

Segundo as declarações do nosso entrevistado, os passageiros e os proprietários das viaturas que fazem o transporte de pessoas e cargas denunciam estes casos na esperança de ver o casos resolvidos, mas debalde.


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