Os camponeses da região de Namanhumbir, distrito de Montepuez, na província moçambicana de Cabo Delgado, acusam os gestores da companhia Montepuez Rubi Mining de não honrarem o compromisso de compensar os produtores locais que perderem os seus campos de cultivo para dar lugar à exploração industrial de rubi por aquela firma.
Vários campos agrícolas de Namanhumbir foram “invadidos e os donos não receberam nada”, segundo consta do relatório da organização moçambicana Justiça Ambiental, denominado Direitos Comunitários, Violação Corporativa.
As injustiças começaram com a descoberta, em 2009, da existência de grandes quantidades de rubi, uma pedra preciosa vermelha usada pela indústria de ornamentação, de acordo ainda com aquela agremiação ambientalista, acrescentando que, seguidamente, a Montepuez Rubi Mining começou a fazer consultas comunitárias para adquirir parcelas e iniciar as suas operações no local.
A firma prometeu às populações “construir escolas, hospitais e até barragens”, de acordo ainda com o documento da Justiça Ambiental, salientando, no entanto, que, “até ao momento, nenhuma das promessas feitas foi cumprida pela mineradora”.
Mesmo o estudo de impacto ambiental para implantação do empreendimento foi feito sem consulta popular, refere ainda o relatório, acrescentando que dos encontros mantidos com as populações residentes em áreas cobiçadas pelas multinacionais, em quase todo o país, “estas queixam-se de injustiças, aliadas ao facto de o Governo não contribuir para a resolução dos conflitos que as opõem aos gestores das minas”.