A Renamo acusa o Governo de ter dupla personalidades e de não estar interessado na paz pois, enquanto negoceia com este partido no Centro de Conferências Joaquim Chissano, está a bombardear a serra da Gorongosa, na província de Sofala, onde se presume que esteja Afonso Dhlakama desde Outubro do ano passado, depois de ter abandonado a sua residência em Sathudjira durante o ataque protagonizado pelas Forças de Defesa e Segurança. @Verdade confirmou com várias testemunhas os bombardeamentos que começaram na semana finda e que nesta segunda-feira foram ouvidos até na vila sede de Gorongosa, entre as 5 horas e as 7 horas da manhã.
Segundo António Muchanga, porta-voz do presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, “na semana antepassada saíram contingentes militares de Dondo para Muxúnguè, onde lançaram vários obuses de artilharias pesadas, mas a Renamo não respondeu. Na mesma semana saíram de Maxúnguè para a serra de Gorongosa, onde a partir do posto administrativo de Canda, que fica no poente da montanha. Já no Domingo (09), bombardearam a partir do posto administrativo de Vundúzi para a montanha de Gorongosa das 14H30 até as 15H30, para onde lançaram onze obuses. Os bombardeamentos à zona continuaram esta segunda-feira dia (10), com o lançamento de dez obuses”.
Ainda de acordo com a fonte, estes ataques são comandados pelo Major General Mussa, comandante do Exército, e “confirmam a informação segundo a qual a prioridade do Presidente da República, Armando Guebuza, é eliminar fisicamente o líder da Renamo.
Para Muchanga, estes ataques não fazem sentido, pelo menos agora, uma vez que o diálogo entre o Governo e a Renamo conheceu significativos avanços nos últimos dias. Porém, apesar disso, este partido não vai abandonar as negociações porque acredita que os assuntos políticos merecem uma solução também política.
Por outro lado, a Renamo garante que não vai responder a estes ataques porque já tinha mandado cessar o fogo em várias frentes (troço rio Save-Muxúnguè, Gorongosa, Marínguè, Homoíne, Inharrime, Tete, entre outras), de forma unilateral.
“Esta contenção visa mostrar que o presidente da Renamo assume a paz como condição fundamental para a democracia e desenvolvimento do país. Mostra também que ele não quer afectar negativamente o processo de negociações em curso, na cidade de Maputo, apesar de os nossos homens (armados) estarem aborrecidos com a situação”, afirmou Muchanga.
Entretanto várias testemunhas residentes na vila sede de Gorongosa e em Vunduzi, contactadas telefonicamente pela nossa redação, confirmaram estar a ouvir os disparos de armas pesadas. Centenas de residentes de Vunduzi procuraram refúgio no município de Gorongosa.
Há relatos de vários militares que continuam a desertar das Forças de Defesa de Moçambique.