Um número recorde de eleitores foi às urnas nesta segunda-feira (4) no Quénia para escolher o novo presidente do país, com a esperança de superar a violência da eleição passada.
Em Mombasa, antes da votação, 12 pessoas, incluindo seis policias, morreram em ataques contra as forças de segurança. Foi o único episódio de violência, fora uma série de atentado não mortais na fronteira com a Somália, tradicionalmente instável.
Enormes filas de eleitores se formaram desde o amanhecer, o que obrigou os colégio eleitorais a continuar abertos até muito depois do encerramento oficial às 17h locais. "A participação é esmagadora", com 70% às 17h, uma taxa que "sem dúvidas irá aumentar de forma significativa", comemorou o presidente da Comissão Eleitoral Independente (IEBC), Ahmed Issack Hassan.
A calma da votação não significa que não haverá violência, como aconteceu há cinco anos após o anúncio muito contestado dos resultados finais.
Os 14,3 milhões de quenianos registrados devem renovar ainda a Assembleia Nacional, para a qual devem votar por separado em um número determinado de mulheres, e eleger pela primeira vez o Senado. Eles também escolherão 47 governadores, que terão amplos poderes, e os membros das assembleias locais.
A publicação aos poucos dos primeiros resultados locais confirmam o duelo entre os dois favoritos, Raila Odinga e Uhuru Kenyatta. Os dois candidatos, confiantes da vitória no primeiro turno, asseguraram que aceitariam a derrota. "Aceitaremos o resultado, porque estamos seguros da vitória", afirmou à AFP Susan Morell, 30 anos, partidária de Odinga.
Para evitar qualquer suspeita de retenção de informação, a comissão eleitoral exibe ao vivo todos os resultados provisórios locais recebidos por SMS dos colégios eleitorais. Mas os resultados estão longes de serem representativos. Kenyatta aparecia à frente de Odinga com respectivamente cerca de 700 mil e 500 mil votos às 23h locais .
No final de 2007, a lentidão e obscuridade da eleição presidencial reforçou as suspeitas de fraude entre os partidários de Odinga, já candidato na época. O anúncio da vitória de seu adversário, o atual presidente Mwai Kibaki - que aos 81 anos, não se apresenta nessas eleições -, provocou uma violenta contestação que degenerou em confrontos político-étnicos. Os confrontos entre as comunidades e a repressão policial deixaram quase mil mortos e mais de 600 mil deslocados.
Kenyatta, que em 2007 apoiava Kibaki, foi acusado pelo Tribunal Penal Internacional de envolvimento na organização da violência na época. Desta vez, quase 100 mil policias foram mobilizados em todo o país, e 400 foram enviados para a região de Mombasa.