Três jovens bailarinos criaram o agrupamento “Moz Team” com o objectivo de promover o intercâmbio entre artistas de várias origens e, igualmente, noites de dança. A colectividade que anima os fins-de-semana em Mocuba quer mudar o cenário da falta de eventos culturais naquela cidade onde “todos os caminhos se cruzam e Moçambique se abraça”.
Quando Jackson Virgílio, de 18 anos de idade, estudante da Escola Secundária Pré–Universitária de Mocuba, pensou em criar um programa no qual todos os artistas da cidade pudessem actuar, não imaginava o impacto do projecto. A ideia foi acolhida por outros amigos, por sinal, amantes da música e da dança. Após a partilha de ideias, surgiu o desafio de tirar do papel o projecto. Numa cidade onde a promoção de eventos culturais ainda é uma miragem, aqueles jovens foram à procura de espaço para a implementação da iniciativa. Em pouco tempo, eles conquistaram a simpatia da proprietária de um bar que funciona no Pavilhão do Desportivo de Mocuba, e do público.
“A cidade de Mocuba é uma das poucas urbes do nosso país que não promove eventos culturais, daí que eu e os meus companheiros decidimos criar um grupo que, por iniciativa nossa, convida artistas locais para actuações públicas gratuitas. Para o efeito, procurámos um sítio que é mais frequentado pela juventude do nosso município”, referiu Jackson Virgílio, um dos fundadores do grupo Moz Team.
A proprietária daquele estabelecimento aceitou concretizar o sonho daqueles jovens. Com instrumentos sonoros próprios e o espaço concedido, os três integrantes do agrupamento envidaram esforços no sentido de trazer ao palco diversos talentos reprimidos pela falta de promoção de eventos culturais. No passado dia 08 do corrente mês, realizou-se a primeira apresentação do projecto ao público, tendo sido um sucesso. Em consequência disso, eles ganharam total confiança da proprietária do espaço, tendo passado a utilizar o local para intercâmbio cultural entre os artistas e outras colectividades da cidade de Mocuba.
“Após o primeiro espectáculo marcado por muitas surpresas, a cidadã recebeu-nos de mãos abertas e, igualmente, louvou a iniciativa”, disse Virgílio. Desde a primeira apresentação, a cidade de Mocuba passou a ter um novo rosto nos fins-de-semana, pois indivíduos de diferentes classes sociais encontram- -se para partilhar a alegria de demonstrar o seu talento ao público. Os artistas não só apresentam o que sabem, mas também aprendem dos outros.
O grupo Moz Team conseguiu “desenterrar” vários agrupamentos de dança e diversos artistas que tinham passado à história, como resultado da mega– iniciativa dos jovens apaixonados pela cultura. Desde o início do programa, o agrupamento tem vindo a seleccionar talentos diversos na arena cultural de modo a incentivar e, igualmente, imortalizar os ideais daquela cidade. Vários adolescentes formaram grupos culturais de dança moderna e contemporânea, e a cada fim-de-semana apresentam novas coreografias.
“Os agentes económicos não colaboram na promoção do intercâmbio cultural”
Antes de organizar a primeira noite de dança gratuita na cidade de Mocuba, o agrupamento redigiu diversas cartas de pedido de apoio aos agentes económicos daquela circunscrição geográfica. Porém, os jovens não obtiveram resposta satisfatória. “Escrevemos várias cartas a diversos estabelecimentos comerciais, incluindo a edilidade, mas ainda não tivemos resposta. Alguns simplesmente recusaram apoiar a iniciativa. Se ficássemos à espera das respostas, o nosso projecto não sairia do papel”, lamentou Virgílio.
Enfrentando uma situação de total abandono, a cultura na cidade de Mocuba tende a regredir a cada dia que passa. A única exibição cultural que ali predomina é o carnaval que, geralmente, acontece no primeiro trimestre de cada ano. Desta vez, o evento foi adiado por três vezes, por motivos ainda não esclarecidos.
Os artistas, que por ironia do destino desenharam o projecto naquela circunscrição geográfica, vêem o seu trabalho desvalorizado, uma vez que pouco se fala de promotores de eventos culturais para a troca de experiências entre os músicos ou bailarinos.
A falta de espaços para a realização dos concertos, entre outras manifestações culturais, contribui negativamente para a promoção da cultura na cidade de Mocuba. Sendo um corredor, era óbvio que Mocuba tivesse locais onde os artistas pudessem expor as suas criações de modo a serem apreciadas pelos cidadãos que passam, diariamente, com destino a vários pontos de Moçambique.