Yara Vaz Lopes Menete, Hulda Adriana Amância Abudo e Neusa Eldina Bambo – as duas primeiras são alunas da Escola Secundária Francisco Manyanga e a terceira é da Comunitária Armando Emílio Guebuza – foram as vencedoras do concurso “Mulher: História e Memória”, promovido pelo programa “Passeios pela História”.
O certame artístico e cultural em que participaram 100 alunas, da 10ª classe das escolas secundárias Josina Machel, Francisco Manyanga e Comunitária Armando Emílio Guebuza, é realizado pela Organização para a Saúde, Educação e Cultura para o Desenvolvimento cujo objectivo oferecer elementos para a construção da identidade patriótica activa entre os adolescentes e os jovens – com enfoque para a rapariga – divulgando, assim, o 7 de Abril, data histórica alusiva à mulher moçambicana. É por essa razão que as participantes exaltam os feitos da heroína Josina Machel, o ponto de partida para a criação das suas redacções. O @Verdade apresenta, a seguir, do primeiro ao terceiro, os textos vencedores.
Primeiro prémio
Desde pequena contemplo e encanto-me com os fenómenos que considero únicos na natureza. Aprecio o sol, que nos fornece a luz e nos aquece nos dias friorentos de qualquer Inverno rigoroso. Aprendi que a luz solar é armazenada em glicose por organismos vivos através da fotossíntese, processo de que dependem todos os seres vivos que habitam o nosso planeta. Aprecio a lua, que nos dá a luz de que necessitamos ao entardecer e nos tira o medo da escuridão. Os manuais que consultei apontam que a lua constitui, desde a antiguidade, uma importante referência cultural na língua, em calendários, na arte e na mitologia.
Gosto da chuva, um fenómeno meteorológico que resulta da precipitação das gotas líquidas ou sólidas das nuvens sobre a superfície da terra. Diz-se que a chuva exerce um papel importante na renovação dos rios, mares, oceanos, lagos e é indispensável para a vida animal e vegetal. Mas também aprendi que para além destes fenómenos naturais, muito comuns, há outros, muito raros, sem os quais não teríamos a orientação para fazermos avançar os nossos projectos de vida.
Josina Machel é um desses fenómenos de que Moçambique se orgulha de ter visto nascer no seu solo. Guerrilheira e militante da primeira hora, mamã Josina muito cedo percebeu a necessidade de mobilizar o seu povo e de pegar em armas para combater a injustiça, a opressão e todas a formas de discriminação. Posicionada na frente da batalha, Josina Machel demonstrou a sua firme determinação de lutar e também de morrer pelo seu povo e pela independência do seu país.
Queria um Moçambique livre, onde todos fossem tratados com respeito, independentemente da cor da sua pele, do sexo, do seu local de nascimento, do seu estado social, da sua tribo ou religião. Mamã Josina compara-se à luz e ao sol porque os seus ensinamentos nos enchem de força e energia, iluminam os nossos ideais, mesmo que para isso corramos o risco de morrer. Tal como a lua, Josina é a nossa importante referência quando falamos dos melhores filhos deste belo Moçambique. Tal como a chuva, lembrar Josina renova as nossas forças e dá-nos um motivo para continuarmos a viver e a lutar até à vitória final.
Quem é então esta Mulher, mãe e combatente? O livro Escolar da Plural Editores descreve Josina Machel como guerrilheira e activista moçambicana nascida a 10 de Agosto de 1945, em Inhambane, Moçambique, com o nome de Josina Abiatar Muthemba. Aos 18 anos, em Março de 1964, Josina foi presa em Victoria Falls, na Rodésia do Sul (actual Zimbabwe) e posteriormente entregue à PIDE (a polícia política do regime português) em Lourenço Marques (agora Maputo).
Em Maio do ano seguinte mudou-se para a Tanzânia. Em 1967, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que lutava pela independência de Moçambique face a Portugal, criou o Destacamento Feminino onde Josina se viria a filiar de imediato, abdicando, para isso, de uma bolsa de estudos no estrangeiro. Ainda nesse ano, foi nomeada chefe da Secção da Mulher, no Departamento de Negócios Estrangeiros. Ao longo da sua vida, defendeu sempre a igualdade de direitos entre homens e mulheres.
Em Maio de 1969, casou-se com Samora Machel, um dos líderes da FRELIMO e futuro Presidente de Moçambique, passando a adoptar o nome de Josina Abiatar Machel. Em 23 de Novembro desse mesmo ano nasceu o primeiro filho do casal. Josina Machel viria a falecer a 7 de Abril de 1971, em Dar-es-Salam, na Tanzânia, vítima do seu desgaste físico, incluindo o seu estado de gravidez, o que não a impediu de continuar envolvida em actividades de guerrilha. As suas aptidões eram bastante reconhecidas pelos altos dirigentes da FRELIMO a quem ministrou instrução militar.
A data do seu falecimento passou a ser celebrada em Moçambique como Dia da Mulher Moçambicana, em sua homenagem, mas também em reconhecimento do esforço e empenho de toda a mulher moçambicana que luta no seu dia-a-dia para cuidar do seu lar, do seu emprego e, desta forma, ajudar Moçambique a crescer. Foi graças à coragem, determinação e ensinamentos de mulheres como Josina Machel que hoje encontramos mulheres na governação, na nossa Assembleia da República, nos negócios e noutras frentes de luta, ao contrário do que acontecia no tempo colonial.
Segundo prémio
Num simples olhar é possível ver que a moçambicana é uma mulher de virtudes: batalhadora, mãe e exemplo. Faltam-me palavras para descrevê-la. Várias vezes não vemos o valor dessa mulher, dessa guerreira, pilar da sociedade, não apoiando a sua emancipação e não contribuindo para o seu empoderamento, mantemos conceitos e ideais antigos, transmitidos de geração em geração, que menosprezam a mulher, desvalorizando as suas virtudes.
Em 1945, o bem-aventurado território moçambicano viu nascer uma estrela, aquela que iria marcar para sempre a história da mulher moçambicana, deixar o seu legado e revolucionar milhares de vidas. Josina Machel ou Josina Abiatar Muthemba (quando solteira), mulher corajosa, forte e com espírito revolucionário, pôde ser exemplo numa sociedade oprimida, colonizada e destruída, onde a mulher era objecto de prazer e abuso. Abriu uma nova página na história do nosso país. Abriu os olhos a muitos moçambicanos e mostrou o valor da mulher moçambicana. A sua missão em vida é motivo de regozijo e veneração.
O seu coração aberto e cheio de amor pôde acolher a maior família que jamais se pode imaginar. A sua história cativa a todos e é motivo de aprendizagem contínua. Graças à mamã Josina (mulher que nem a sua própria saúde poupou), a mulher hoje tem espaço na sociedade. A rapariga tem acesso à educação. A mulher tem a palavra. A mulher tem acção e faz parte da Revolução.
Actualmente, da mamã Josina podemos dizer o seguinte: “A tua vida reflecte-se nos que dão continuidade à Revolução”. Temos também exemplos de mulheres que ultrapassaram barreiras para representar o nosso país além-fronteiras e para estarem à frente do nosso povo, como Maria de Lurdes Mutola (mulher que nos representou no Campeonato Mundial de Atletismo. Mesmo tendo sido aliciada a mudar de nacionalidade, manteve o seu espírito patriótico) e Luísa Diogo (mulher de grandes ideias, revolucionária e ex-Primeira Ministra do nosso belo Moçambique).
Mulheres que lutaram para dar continuidade à missão de Josina Machel. É com pesar que recebemos a história do 7 de Abril, dia em que se deu o desaparecimento físico da mamã Josina, mãe da Revolução do nosso país, por isso podemos afirmar com certeza que “Josina Machel vive!”. A sua persistência, o seu legado, a sua vida mantêm-na eternamente nos nossos corações, na narrativa da emancipação da mulher moçambicana e na história de Moçambique. Hoje, pouco sabemos acerca da história desta heroína e da causa do dia 7 de Abril, o que é triste e lamentável.
Tendo já transcorridos 43 anos após o seu desaparecimento físico, é necessário manter-nos unidos por esta nobre causa que é a mulher (incentivando a sua participação e dando mais espaço à sua emancipação), seguindo os passos da mãe da nossa nação e dizer “Viva a Mulher Moçambicana. A luta continua!”.
Terceiro prémio
Josina Abiatar Machel, mais conhecida por Josina Machel, nascida a 10 de Agosto de 1945, é natural da província de Inhambane. Josina Machel, assim como a sua família, foi criada com um grande espírito de amor para com a nossa pátria.
Ela era contra o colonialismo e a opressão. Josina Machel foi membro da Associação dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique. Demonstrando amor para com a sua pátria num acto heróico, a par de outras pessoas, Josina Machel viajou clandestinamente para Tanzânia, em Abril de 1964, abandonando a sua família, os estudos e as amigas para defender a nossa pátria. Josina Machel foi membro de vários órgãos de educação política, chegando a participar na luta contra o colonialismo, e a dar o seu contributo nos cuidados em relação às crianças desfavorecidas.
Demonstrando ser uma grande mulher, granjeou, desta forma, a admiração de muitos dos seus camaradas. Josina Machel casou-se com Samora Machel, o secretário de defesa da FRELIMO, que acabou por ser eleito o presidente da referida organização. Após ter dado um prestimoso contributo para a nossa pátria, a saúde da grande heroína estava a necessitar de alguns cuidados médicos.
De seguida foi internada em Dar-es-Salam, onde perdeu a vida na madrugada de 7 de Abril de 1971, com apenas 25 anos de idade. Uma perda que ainda constitui um choque para os moçambicanos. Josina Abiatar Machel é um grande exemplo de vida e superação, de amor para com o próximo e de solidariedade. Uma grande heroína que nunca será esquecida. Ela vive nos corações de todos os moçambicanos.
O seu legado irá ajudar as meninas de hoje para que se empenhem nas frentes em que estejam envolvidas, principalmente nos estudos. Muitas mulheres inspiram-se na figura que foi e é esta grande mulher. Heroína nacional, ela representa cada moçambicana, o legado da Revolução, do amor, do patriotismo e da emancipação da mulher. Josina Machel vive nos nossos corações.
O 7 de Abril é o Dia da Mulher Moçambicana. Foi decretado em homenagem Josina Machel, esta grande mulher, heroína nacional e de tantas outras mulheres que, com os seus feitos, elevam o nome de Moçambique além-fronteiras engrandecendo a moçambicana. O dia em que a mulher moçambicana celebra o seu dia. Por isso aproveito para desejar às moçambicanas um feliz dia 7 de Abril, principalmente à minha mãe que é uma grande mulher, batalhadora, carinhosa e muito amorosa.