As principais cidades portuárias de Moçambique, nomeadamente Pemba, Nacala, Beira, Maputo e Matola estão ameaçadas pelo corvo indiano (corvus splendens), uma espécie invasora de ave exótica e que constitui um grande perigo à saúde pública, pois pode transportar vibriões de cólera e outras enfermidades. Apela-se à participação voluntária de todos os segmentos da sociedade na campanha de estudo e monitoria da ave em causa.
Carlos Manuel Bento, biólogo da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), afecto ao Museu de História Natural, explica que o corvo indiano é originário do sul da Ásia, nomeadamente Índia, Paquistão, Bruma e Tailândia e expandiu-se pelo resto do mundo. Actualmente, toda as cidades portuárias localizadas na costa este Africana encontram-se infestada, incluindo as cidades de Durban e Cabo, na África do Sul.
Segundo o biólogo, a invasão em Moçambique compreende duas vagas: a primeira ocorreu nos fins da década de 60 e início da década de 70, tendo afectado a Ilha da Inhaca. A segunda, que ocorreu no início do século XXI, foi mais forte e afectou quase todas as maiores cidades portuárias o território moçambicano acima mencionadas.
“O corvo indiano traz problemas de saúde pública, económicos e ecológicos devido à associação que tem com o lixo e o atrevimento de estar perto dos seres humanos. Este elo pode transportar agentes patogénicos do lixo tais como os vibriões da cólera, salmonela, giardia, entamoeba para os alimentos.”
Carlos Bento indica ainda que as aves em alusão podem também propagar a doença de "Newcastle", que pode afectar dramaticamente a criação de galinhas e outras espécies de aves domésticas ou selvagens.
“Os corvos são um potencial de transmissão da gripe aviária, altamente letal à raça humana.” “Ambientalmente, o corvo indiano elimina todas as aves nativas existentes nas áreas por onde elas colonizam, comendo os ovos e os pintos das aves nativas e domésticas. Oportunisticamente mata as aves adultas, e ainda rodentes, répteis e outros animais. Sobretudo na época de reprodução pode atacar as pessoas, pois ela é muito agressiva, incluindo para as crianças”.
Economicamente, danificam cabos eléctricos, o excesso de fezes cria curto circuitos na rede eléctrica, suja e danifica a pintura dos edifícios. Na agricultura podem danificar as culturas. Na indústria de hotelaria e turismo a clientela evita locais infestados pelos corvos, de acordo com Carlos Bento.
“Taxonomicamente esta ave pertence ao reino animália, filo chordata, subfilo vertebrata, classe aves, ordem passarine, família corvidae e a espécie Corvus splendens. As principais características físicas resumem-se em bico preto, coroa preta, peito cinzento, patas pretas, pupila preta, manto cinzento e escapulares pretos. Os ovos são de cor azuis esverdeados. A postura de ovos pode ocorrer duas vezes ao ano e cada ninhada tem cinco a seis ovos. O tempo de incubação dos ovos é de 17 dias”.
Segundo Carlos Bento, “perante esta ameaça todos somos solicitados a participar voluntariamente nesta campanha de estudo e monitoria do corvo indiano em Moçambique. Disponibilize 10-20 minutos do seu tempo por semana para participar nas actividades programadas para o efeito”.
O biólogo refere que este trabalho irá culminar com a delineação duma estratégia a nível nacional para controlar ou eliminar esta peste. Todas autoridades municipais das cidades de Pemba, Nacala, Beira, Maputo e Matola são chamadas a colaborar neste programa nacional.
As actividades programadas para esta fase são as seguintes:
• Registo do número e o comportamento do corvo indiano;
• Fotografar ou filmar actividades do corvo indiano;
• Digitação da informação recebida para a base de dados;
• Análise exploratório dos dados contidos na base de dados;
• Campanha de divulgação e mobilização de mais voluntários a participar no programa;
• Organização de palestras nas escolas e diversos locais para divulgar os problemas causados pelo o corvo indiano.
Os participantes podem baixar o formulário (no https//www.facebook.com/groups/aacem/files/formulario CorvoIndiano), observar os corvos preencher e enviar para corvoindiano@gmail.com
Ou visita a página do aacem para baixar: www.aacem.co.mz Os participantes podem observar o corvo indiano e enviar a informação via sms para o número: 844865730; com as seguintes informações:
• Número de corvo(s) observado(s);
• Local da observação: nome da cidade, do distrito ou de aldeia.
• Avenida, rua e número da casa mais próxima
• Hora da observação.
• Actividade do(s) corvo(s): comer, beber, voar, lutar, descansar, perseguir e atacar outros aves, etc.
• Lugar onde o(s) corvos estavam: árvores, na água, perto da água ou depósito de lixo, etc.
O formulário via sms pode ser encontrado baixando no https//www.facebook.com/groups/aacem/files/formulario CorvoIndiano
Ou visita a pagina do aacem para baixar: www.aacem.co.mz
Os participantes podem tirar as fotos/mini filmes e enviar para o endereço electrónico: corvoindiano@gmail.com
• A foto/mini filme deve ter o nome do autor;
• O local onde a foto foi tirada deve ser mencionado;
• Data e a hora da captação da foto;
• Contagens coordenadas do corvo indiano:
• Conduzir pelas artérias das cidades onde o corvo ocorre;
• Caminhando pelos locais onde o corvo ocorre.
Para mais informações e sugestões visite o facebook: corvo indiano, cujo endereço é https://www.facebook.com/profile.php?id=100006317567022