O agrupamento de música moçambicana, Ghorwane, fundado em 1983 por Pedro Langa e Zeca Alage, está a preparar o seu sexto trabalho discográfico intitulado “O lago que nunca seca”, o mesmo que influiu na escolha do nome da banda. Composto por 12 faixas, o álbum apresenta o percurso dos “bons rapazes” - nome pelo qual são carinhosamente chamados - durante 32 anos de existência a divertir e a consciencializar os moçambicanos.
Na verdade, mais do que o cumprimento do que fora, por eles, prometido no que diz respeito à valorização dos ritmos africanos e da cultura moçambicana, durante os 32 anos da sua existência, que em Julho próximo se assinalam, Ghorwane quer restituir as nostalgias que vivem no seio dos seus admiradores.
Por essa razão, “o amor é fogo”, um poema, recriado, pertencente a Luís Vaz de Camões, é um dos inéditos temas que serão apresentados ao público. Criada há mais de três décadas, a banda Ghorwane surgiu com o propósito de, através das suas músicas, consolar o povo das calamidades naturais que enfrentava ao mesmo tempo que desencorajava a guerra que assolava o país.
Com um percurso marcado pelo activismo cívico e pela consciência crítica, os Ghorwane afirmaram- se contra a estagnação artística em Moçambique, cantando nas línguas nacionais, sobretudo o xichangana. De certa forma, embora as suas mensagens contribuam positivamente para a mudança social, os seus membros afirmam que os 32 anos representam um misto de acontecimentos que se resumem na alegria, tristeza, persistência e esperança.
No “lago que nunca seca”, o elenco, composto por Roberto Chitsondzo, Carlos Gove, Paíto- Tcheco, Jorge Moisés, Antoninho Baza, Júlio Baza e Muzila Malembe, juntarão diversos géneros conhecidos no sul de Moçambique como a marrabenta, o xigubo e a galanga. De referir que este álbum surge depois do “Vana Va Ndota” publicado em 2005. No seu vasto repertório, “os bons rapazes” contam com “Majurajenta”, lançado em 1993, “Não é preciso empurrar”, em 1994, “Kudumba”, lançado em 1997, “Mozambique Relief”, em 2000 e Vana Va Ndota”, em 2005.
O lago nunca seca
Para além do lançamento do álbum, o Ghorwane está, desde o ano passado, a desenvolver um projecto que visa transmitir experiências aos jovens músicos e, acima de tudo, passar o testemunho do seu percurso artístico-musical.
A iniciativa já escalou três províncias, tais como Inhambane, em Agosto, no VIII Festival Nacional da Cultura, Tete, em Outubro e Novembro e a cidade de Maputo, em Dezembro passado. Ainda no mesmo rol, este ano os artistas esperam atingir as restantes províncias do país.