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Autocarros dos Transportes Públicos Urbanos de Nampula estão todos avariados

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Os seis autocarros dos Transportes Públicos Urbanos de Nampula, importados em 2006 pelo Ministério dos Transportes e Comunicações, através da empresa Técnica Industrial, do Grupo João Ferreira dos Santos, encontram-se avariados depois de sucessivos danos e falta de manutenção devido a vários problemas, dentre eles a ausência de peças sobressalentes. Este facto levou a que a empresa decretasse falência em 2011.

Os veículos em causa, de marca Yutong, fornecidos pela firma chinesa Zhengzthon Yu Tong Bus Co. Ltd. – um dos maiores fabricantes de machimbombos naquele país asiático, semelhantes aos que estão danificados – deram uma autêntica dor de cabeça aos gestores da empresa, que suspendeu as actividades de transporte de passageiros por insolvência financeira.

A 22 de Agosto de 2007, aquando da entrega dos autocarros, numa cerimónia de celebração da elevação de Nampula à categoria de cidade, o governo da província mais populosa de Moçambique, proferiu discursos políticos e pomposos com sinais evidentes de quem pretendia desfazer a convicção que os habitantes locais têm em relação à ineficiência vigente na resolução dos problemas de alocação de meios de transporte.

Na altura, o executivo de Nampula disse, como forma de granjear a simpatia do povo, que o fornecimento de peças sobressalentes e a respectiva manutenção dos autocarros estavam garantidos pela empresa Zhengzthon Yu Tong Bus Co. Ltd. caso houvesse alguma avaria. Entretanto, ao longo do seu funcionamento, as viaturas registaram, uma a uma, inúmeros estragos até que saíram da circulação sem que aquela empresa chinesa tivesse prestado assistência mecânica.

Por conseguinte, os Transportes Públicos Urbanos de Nampula declararam falência e nada do que se prometeu aconteceu. Consequentemente, os munícipes vivem um autêntico martírio para se deslocarem de um lugar para o outro dentro da urbe.

Os únicos autocarros que um dia constituíram motivo de satisfação para a população local são, hoje, a razão da sua profunda tristeza porque já são obrigados a viajar comprimidos nos “Chapa 100”, um serviço altamente caracterizado pelo mau atendimento aos passageiros, encurtamento das distâncias regulamentares, pela falta de preços previamente estipulados e pelo incumprimento dos horários, dentre outras anomalias que inquietam os citadinos de Nampula.

Para além dos problemas mecânicos, os gestores dos Transportes Públicos Urbanos de Nampula queixavam-se de insustentabilidade financeira dos autocarros. Destes, os dois que faziam o trajecto Nampula cidade/ Nampula-Rapele e Nampula cidade/Posto Administrativo de Namaita rendiam, em média diária, cerca de 15 mil meticais, o que significa que por mês colectavam 450 mil meticais.

Porém, este valor era insignificante porque 197.654 meticais cobriam somente a remuneração de 33 trabalhadores e o remanescente as outras despesas, tais como o pagamento de telefone, água, luz, combustível, lubrificantes, pneus, dentre outros acessórios.

Ao longo do funcionamento deficitário da firma em alusão, os gerentes dos Transportes Públicos de Nampula aguardavam por um apoio financeiro do Estado, o que não aconteceu até a data em que decidiram decretar a falência.

As dificuldades aumentavam à medida que o tempo passava, o pagamento dos ordenados mensais dos funcionários passou a ser caracterizado por atrasos sistemáticos. Na altura, a Direcção Provincial dos Transportes em Nampula acusou o gestor Martinho Marcelino de estar a administrar mal a coisa pública.

Os 33 trabalhadores que pertenciam àquela instituição foram indemnizados. O ex-director daqueles serviços, Martinho Marcelino, disse ao @Verdade que a falência foi a única solução encontrada para evitar o pior.

Todavia, posteriormente, o Governo central deu orientações para que a empresa fosse transformada numa entidade autónoma dotada de capacidade para negociar financiamento bancário, através de créditos via leasing no sentido de implementar projectos rentáveis. Contudo, este desiderato não foi possível, segundo nos contou a fonte, que explicou igualmente que concorreu para este insucesso o facto de a firma não possuir estatuto jurídico.

Posteriormente, a administração dos Transportes Públicos Urbanos de Nampula passou para a edilidade local. Esta importou uma nova frota de autocarros mas também está a funcionar a meio gás devido aos mesmos problemas de sempre: avarias mecânicas e falta de peças sobressalentes no mercado nacional.

Enquanto isso, as antigas instalações dos Transportes Urbanos, localizadas na Rua da Unidade do Bairro de Napipine, arredores da urbe, encontram-se abandonadas e o capim tomou conta do local.

As carcaças dos machimbombos estão bastante corroídas e à espera de alguém que as leve com a finalidade de vendê-las como ferro-velho. Aliás, a nossa Reportagem apurou que o lugar se transformou num covil de marginais.

Os Yutongs de Maputo estão também avariados

Na capital do país, os autocarros de marca chinesa Yutong – que custaram 3,5 milhões de dólares ao Estado – adquiridos entre 2006 e 2007, pelo Governo através da extinta empresa Transportes Públicos de Maputo (TPM) –, estão quase todos avariados.

Entretanto, a nova firma, Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo (EMTPM), pretende desfazer-se dos mesmos veículos. Para o efeito, publicou, a 25 de Março último, no Jornal Notícias, um anúncio de abate.

Segundo aquela companhia, serão alienados 33 autocarros, dos quais 25 de marca Yutong, e três viaturas ligeiras, todos paralisados por causa de problemas mecânicos. Refira-se que cada uma das viaturas custou 141 mil dólares norte-americanos.

Contudo, enquanto não se importam novos meios circulantes para substituir os que se encontram imobilizados e, por via disso, abatidos, a falta de transporte de passageiros nas cidades de Maputo e Matola vai-se agravar.

Os únicos carros com os quais a EMTPM funciona, que circulam normalmente, são os que não foram importados da China. Os problemas mecânicos que se registam nestes autocarros têm a ver, principalmente, com a falta de uma agência especializada para garantir a manutenção e o fornecimento de acessórios no país.


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