A partir de quinta-feira (04), os observadores internacionais da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM), oriundos do Zimbabwe, da África do Sul, do Quénia e de Cabo-Verde, que já se despediram do nosso Governo, regressam aos seus países de origem com a lição de terem vindo a Moçambique para nada, uma vez que, juntos dos mediadores nacionais, não conseguiram desarmar a Renamo, assegurar a integração e o enquadramento dos seus homens residuais no Estado, nem garantir que o equipamento bélico em sua posse fosse entregue à Forças de Defesa e Segurança (FDS), conforme a alínea “i” do Memorando de Entendimento assinado por Armando Guebuza e Afonso Dhlakama.
José Pacheco, chefe da delegação do Governo, disse, no fim da 107a ronda do diálogo político, que não só os observadores internacionais estão de malas prontas para as suas nações, mas os mediadores nacionais deverão, também, ficar nas suas casas a aguardarem as novas ordens. Os peritos nacionais provenientes das FDS regressam, igualmente, às suas unidades.
A EMOCHM, crida pela Lei no. 29/2014, de 09 de Setembro, não foi um parto à cesariana nem um aborto. Não passou de um organismo que só serviu para despender dinheiro em vão e a tensão política prevalece. Os Estados Unidos da América (EUA), que deviam fazer parte do grupo cujos objectivos fracassaram, nunca se fizeram presentes como se tivessem vaticinado que o diálogo político entre o Governo e a Renamo seria de mudos e surdos.
Portugal, Itália e Grã-Bretanha abandonaram Moçambique logo que os primeiros 135 dias estipulados nos Termos de Referência da EMOCHM esgotaram sem avanços assinaláveis. Na verdade, foram 195 dias infrutíferos.
José Pacheco afirmou que EMOCHM não materializou a sua missão por razões alheias ao Governo cabendo à Renamo apresentar a lista dos guerrilheiros ainda escondidos nas matas para que sejam reintegrados em diferentes sectores do Estado à luz do Memorando de Entendimento.
Para Saimone Macuiana, chefe da delegação da Renamo, a extinção da EMOCHM foi uma decisão unilateral do Executivo, até porque o seu partido acompanhou, através dos órgãos de informação, que os observadores internacionais e nacionais seriam dispensados, pois a sua ausência não prejudica a cessação das hostilidades militares. Entre os moçambicanos é possível alcançar a paz. Todavia, a “Perdiz” exige a apresentação formal de um documento escrito pelo Governo dando conta do fim do organismo em alusão.