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Polícia Municipal arranca produtos de vendedores ambulantes em Maputo

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Há dois anos, Daniel Matsinhe e Aurélio Zefanias, de 21 e 25 anos de idade, vendem ananases de forma ambulatória em veículos de tracção manual, vulgo txovas, e percorrem diversas artérias da capital moçambicana à “caça” de clientes. É deste trabalho que eles e os seus dependentes sobrevivem. Contudo, na manhã de quinta-feira (09), tiveram má sorte. A Polícia Municipal, que se fazia transportar numa viatura com a matrícula EAC 275 MP, surpreendeu-lhes parado algures na chamada avenida protocolar Mao Tse Tung e confiscou o produto, cuja recuperação depende do desembolso de uma taxa que varia de 2.500 a 5.000 meticais.

Ao todo, Daniel e Aurélio perderam 265 ananases cujos valores de aquisição só seria desembolsados depois da venda.

Se o município decidir que os dois comerciantes devem pagar uma multa de 5.000 meticais cada, não há como reaver o produto, pois a venda das unidades de frutas perdidas rende poucos mais de 6.000 meticais. Ou seja, nenhum deles pode, sozinho, pagar nem 2.500 meticais de taxa mínima da coima.

À nossa Reportagem, Daniel contou que, na altura em que foi surpreendido pela Polícia Municipal, estava a comercializar frutas para um cliente e para tal era necessário suspender a marcha do seu txova. De repente, os agentes da polícia camarária “baldearam” os ananás do txova para a sua viatura sem pelo menos explicar o motivos que ditavam tala medica.

“Aqueles agentes municipais pararam o veículo e arrancaram-me a fruta. Tentei procurar saber a causa da apreensão da minha mercadoria mas não tive nenhuma resposta e eles esmagarem alguns ananases”, explicou Daniel.

O nosso interlocutor explicou também que seguiu os policiais até às instalações onde são armazenados os produtos apreendidos, mas quando chegou ao local foi escorraçado alegadamente porque estava a comercializar sobre o passeio, lugar proibido para o efeito.

Ele lamenta que lhe tenha sido tirado o seu ganha-pão e falta de verba para pagar o fornecedor do produto.

Por sua vez, Aurélio assegurou que esta foi a segunda vez que a Polícia Municipal lhe arrancava ananases. Na primeira ocasião, no mês passado, perdeu 200 unidades e não houve aplicação de multa para que recuperasse o produto.

Para o nosso entrevistado, os agentes da polícia camarária sabem que os vendedores ambulantes não possuem licenças, por isso, caçam-lhe para lhes lesar. Para além de confiscarem a mercadoria à força, chutam, pisam e agridem fisicamente a quem tenta defender os seus bens.

Joshua Lai, porta-voz da Polícia Municipal, explicou ao @Verdade que os ananases foram apreendidos porque os vendedores ambulantes não têm licença, mas deviam tratá-la para evitar problemas.

“É inadmissível a venda sobre os passeios”. Por mais que a tivessem documentos o seu negócio deve ser feito de forma ambulante nas ruas e avenidas não vedadas para tal prática. Eles não podem se estabelecer em cada esquina, tal como têm feito.

Depois de adquirir uma licença, de acordo com o porta-voz, o comerciante nas condições de Daniel e Aurélio só é permitido estar na rua até às 17h00, uma vez que os txovas não dispõem de iluminação.

Refira-se que a “guerra” da edilidade contra os vendedores ambulantes é bastante antiga, mas nenhuma medida até aqui tomada tem inibido estes comerciantes de praticarem os seus negócios em locais considerados impróprios. A situação, em diversas artérias de Maputo, está um caos, como é, também, o estacionamento sobre os passeios.


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