Wynand Joannes Kleijnhans, cidadão sul-africano que dirigia o Hospital Privado de Maputo, foi interditado de trabalhar em Moçambique e será expulso do país, não só por trabalhar ilegalmente mas também “devido ao seu mau comportamento contra os trabalhadores moçambicanos naquela unidade hospitalar”, que é propriedade de algumas pessoas influentes do partido Frelimo.
A decisão foi tomada pela ministra Vitória Dias Diogo, porque Wynand Joannes Kleijnhans “vinha, de forma cíclica e incorrigível, violando direitos fundamentais dos trabalhadores da empresa, sobretudo os consagrados na legislação laboral em vigor no país, bem como os plasmados na Constituição da República”, refere um comunicado de imprensa do Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS).
“Por várias vezes, o cidadão em causa manifestava actos de racismo contra os trabalhadores, chegando a dizer, inclusive, que aquele hospital não obedecia às leis moçambicanas, mas sim sul-africanas, em virtude da sua origem empresarial e instaurava processos disciplinares de forma indiscriminada contra os trabalhadores nacionais, sem o conhecimento do departamento dos recursos humanos, com sanções desproporcionais às alegadas infracções, o que ditou o despedimento de alguns trabalhadores abrangidos pelas medidas”, refere ainda o comunicado que estamos a citar que acrescenta que este cidadão sul-africano já havia sido suspenso em Março deste ano, na sequência de uma fiscalização laboral levada a cabo pela Inspecção-Geral do Trabalho, que o encontrou a trabalhar ilegalmente em Moçambique.
Os problemas laborais são recorrentes no Hospital Privado de Maputo, criado em 2011, uma parceria entre empresários moçambicanos, com fortes ligações ao partido no poder – como Hermenegildo Gamito, Isidora Faztudo (falecida), Judite Gamito, Karim Premji e Saleem Essa Normahomed –, e o grupo sul-africano Lenmed Health.
Em Outubro de 2013 esta instituição hospitalar de luxo foi sancionada pela Inspecção-Geral do Trabalho da Cidade de Maputo “devido a graves irregularidades cometidas pelos respectivos gestores, em conivência com um quadro estrangeiro integrante da direcção”, referia um comunicado do MITESS emitido na altura.