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Procurador Provincial de Nampula volta insistir na urgência de estancar a “caça” aos albinos

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A Procuradoria Provincial de Nampula diz que recebeu da Polícia de Investigação Criminal (PIC) 10 processos-crime relacionados com o tráfico de pessoas, principalmente de albinos, em menos de 20 dias, e reitera a necessidade de as autoridades governamentais criarem medidas eficazes para defenderem a integridade das vítimas.

No total, aquela instituição do Estado tem em seu poder 19 processos relacionados com esta matéria e refere que já deteve 33 indivíduos em conexão com o tráfico de seres humanos.

Dos casos mais recentes consta um relacionado com o rapto e mortede dois jovens com uma anomalia orgânica caracterizada por ausência ou grande falta de pigmento na pele, nos olhos, nos pêlos e no cabelo,no distrito de Malema. EmRibáuè, um adolescente desapareceu misteriosamente do seio familiar.

Cristóvão Mondlane, procurador provincial de Nampula que lidera a Task Force, um organismo criado para o combate ao tráfico de pessoas, que em Agosto passado criticou a aparente inacção das autoridades no enfrentamento ao tráfico de albinos, voltou a manifestar preocupação, na terça-feira (15), aquando do encontro desta entidade.

Sabe-se que dos 33 detidos por suposto envolvimento neste problema, alguns são parentes das vítimas, que, segundo Cristóvão Mondlane, facilitam a “caça” aos albinos.

O encontro, que contou com a participação de organizações da sociedade civil, membros do governo e a Associação dos Albinos de Nampula (Amor à Vida), visava encontrar mecanismos para o combate ao tráfico de pessoas.

A Task Force confirmou também a existência de indivíduos que exumam campas para a extracção de ossadas de gente com as características anteriormente descritas, tendo indicado os distritos de Malema, Murrupula e Malema como os que mais casos registam.

“Para a consumação deste tipo de crimes, os familiares das vítimas são os principais actores”, referiu Mondlane, que depois revelou que no passado dia 25 de Agosto fez-se passar de um comprador de uma pessoa com albinismo, que estava nas mãos de oito indivíduos que caíram nasmalhas do procurador e foram detidos.

O preço combinado para a venda da vítima cujo nome omitimos por razões óbvias era de quatro milhões de meticais. Em consequência disso, um professor, por sinaltio do albino que seria vendido, está preso por ser alegadamente quem intermediava o negócio.

Para Mondlane, o Governo deve, com a máxima urgência possível, encontrar formas de estancar o mal antes que seja tarde. Na sua opinião, trata-se de um problema que não só aflige pessoas que nasceram com albinismo, mas toda a sociedade moçambicana.

De referir que o Executivo anunciou há dias a criação de um grupo multissectorial de trabalho com vista a encontrar medidas de protecção às pessoas com albinismo. A equipa é liderada pelo Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.

Enquanto isso, desde Dezembro do ano passado, pelo menos 114 pessoas com albinismo desapareceram nas regiões Centro e Norte de Moçambique para fins ainda desconhecidos, o que significa que esta gente está ameaçada, segundo a Associação Moçambicana de Apoio aos Albinos (AlBiMoz) em Nampula, que indica que das vítimas apenas três foram resgatadas e não se sabe se os restantes cidadãos estão ou não vivos. O certo é que nunca mais se ouviu falar deles.


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