Chica Albano António é enfermeira de Saúde Materno Infantil (SMI) e sozinha garante o funcionamento do Centro de Saúde de Ilalane, no povoado com o mesmo nome, no distrito de Nicoadala, na província da Zambézia, há mais de seis anos, durante os quais não sabe o que é descanso porque tudo depende dela.
A enfermeira trabalha todos os dias e a sua ausência significa deixar as parturientes, por exemplo, à sua sorte, a maternidade inoperacional, as consultas pré-natais interrompidas, a farmácia, a administração, dentre outros serviços encerrados, uma vez que nenhum técnico está lá para lhe auxiliar ou substituir em caso de ausência. Por isso, não lhe resta tempo para tratar assuntos pessoais. E queixa-se da remuneração que não corresponde ao esforço empreendido.
Diariamente Chica acorda às 05h:00 e a complexidade do seu trabalho não permite descansar o suficiente. Nunca recebeu novos colegas para suprirem o défice de pessoal com que se debate o sector. A última vez que informou à Direcção Provincial de Saúde da Zambézia sobre a necessidade de recrutar mais profissionais para satisfazer à demanda no Centro de Saúde de Ilalane, ouviu dizer que não havia técnicos para o efeito.
Desde 2006, altura em que foi afecta àquele centro, apenas em Abril deste ano é que recebeu uma agente de serviço (servente), porém, a mesma é estudante e passa maior parte do seu tempo na escola.
A residência de Chica está na cidade de Quelimane mas, neste momento, ela vive no povoado de Ilalane numa casa de enfermeiros em condições precárias com vista a estar perto da unidade sanitária. Esta não dispõe de corrente eléctrica nem de painéis solares. Para além do atendimento de doentes, os partos nocturno são assistidos à luz de candeeiros tradicionais.
Mercia Januário, vive no povoado de Ilalane, a mais de 19 quilómetros da cidade de Quelimane e a 22 quilómetros da vila distrital de Nicoadala. Ela afirmou que o atendimento é muito moroso porque só existe uma única profissional de saúde. Os doentes permanecem muitas horas na fila. Em médias, Chica atende 50 pessoas por dias e as enfermidades comuns são as diarreias e a Malária. O povoado de Ilalane possui 3.500 habitantes assistido igualmente por uma escola de nível primário.