Uma parturiente que em vida respondia pelo nome de Flora Felizardo, perdeu a vida no Hospital Rural de Monapo, oito horas depois de ter sido internada na maternidade daquela unidade sanitária, na noite da última segunda-feira (09), devido à negliegência da equipa que estava de serviço.
Para além de negligência no atendimento da vítima, os funcionários afectos áquele turno falsificaram o processo e alteraram a hora em que a paciente deu entrada, dando conta que a mesma teria entrado na noite de domingo (08). Eles alegaram ainda que a mesma, teria se apresentada tardiamente ao hospital em causa.
Manuel Xavier, esposo da vítima, disse ao @Verdade que a ela deu entrada naquela maternidade por volta das 16horas do último domingo, (08), transferida do Posto de Saúde de Natete, que dista a cerca de 90 quilómetros da vila sede de Monapo. Chegado ao local, nenhum dos enfermeiros "deu conta do recado" e a paciente ficou sem nenhum atendimento. Só depois de se aperceberem de que a mesma se contorsia de complicações de parto é que se dignaram a encaminhá-la à sala de parto, porém, momentos depois viria a perder a vida, isso por volta das 21h:30.
Entretanto, o esposo, visivelmente agastado com a situação, contou ainda que depois da apresentação da guia de tranferencia, os enfermeiros e agentes de serviços abandonaram em debandada o local, alegadamente por se tratar dum final de semana. Eles iam para casa com vista a se prepararem para o outro turno, mesmo vendo que a vítima se encontrava em estado grave.
“Foi (Flora Felizardo) largada na cama do hospital e a rebolar. Mesmo com os gritos, ninguém se dignou em atendê-la. Por estar agravar-se cada vez mais o seu esatdo de saúde, um dos acompanhantes da vítima, por sinal seu tio, ganhou coragem e dirigiu-se a uma das funcionárias, pedindo de joelhos para que a sua sobrinha fosse atendida, mas sem sucesso”, disse o viúvo.
Por volta das 20 horas, os acompanhantes de Flora, como de outros doentes internados naquele hospital, foram ordenados para abandonar o local visto que não é permitida a presença de nenhum acompanhante no período nocturno. Foi a última vez que a Flora teria sido vista com vida pelos seus familiares, porque já na manhã seguinte, segunda-feira (09), quando muito cedo se deslocaram ao hospital a fim de a visitar, foi-lhes surpreendido com o comunicado na vítima anunciando a morte.
Bruno Chiose, director do Hospital Rural de Monapo, abordado pelo @Verdade a propósito do caso, confirmou haver negligência por parte dos seus colegas e assegurou que já foi aberto um inquérito com vista a encontrar os responsáveis por esse acto no sentido de serem responsabilizados.
“Neste caso há duas infrações: uma que tem a ver com a não observância da ética que rege o funcionamento da classe médica e agentes de saúde, que poderá culminar com processo disciplinar e até expulsão do funcionário sobre o qual recair a culpa. E outra que tem a ver com a falsificação de documentos ao registar a entrada que poderá resultar em processo-crime e sua consequente condenação em juízo”, disse o director.