Estudantes do Instituto Superior Politécnico acusam a direcção da instituição de estar a explorá-los, agravando as taxas das propinas, sem nenhuma explicação prévia. As reclamações do corpo discente incluem a cada vez maior falta de segurança no estabelecimento, corrupção da parte dos docentes, exploração sexual aos estudantes.
Uma nota de informação, dando a conhecer a convocação de uma greve, contra a direcção da Universidade A Politécnica, foi recebida pela redacção do @Verdade no dia 13 de Novembro. De acordo com a fonte, as razões do motim que não aconteceu, são o facto de aquela instituição ter agravado os valores das propinas sem comunicar os visados.
“De 7.750.00 teremos de pagar 8.250.00 Meticais, incluindo 3.620.00 Meticais de matrícula. Na inscrição semestral pagar-se-á 2.410.00 Meticais e, para finalizar, teremos ainda de pagar 700 Meticais de Seguro Semestral, cuja função, aplicação e importância não é explicada, uma vez que se assistem cenas de assaltos e agressões de estudantes no recinto da universidade, incluindo roubo de material”.
Esta é a realidade que os estudantes, na sua reclamação, consideram de “absurda”, muito em particular quando se considera que as condições que a instituição oferece “não são as mais favoráveis sem dizer que a qualidade de ensino é uma merda”.
Em contacto com o @Verdade, os estudantes afirmaram que se sentem traídos porque, ao se inscreverem na referida universidade, optaram-na na expectativa de encontrar melhores condições de conforto, segurança e, acima de tudo, melhor qualidade de ensino.
Por isso, para aqueles, não faz sentido que a sala de informática da instituição, não tenha internet, as casas de banho expelem, no recinto escolar, odores nauseabundos, as torneias não jorrem água e, mesmo assim, sem reparar os referidos danos, a direcção da A Politécnica agrave os valores das propinas.
Procurando perceber alguma base que sustente a transformação operada pela direcção da universidade, no que diz respeito ao agravamento das propinas, o @Verdade procurou, sem sucesso, ter acesso ao regulamento interno da instituição a fim de perceber os direitos e deveres dos estudantes em relação à instituição. Foi-nos direccionado, de um departamento para outro, sem se colocar à nossa disposição nem à dos estudantes o regulamento interno da organização.
Numa das vitrinas pode-se ler outro regulamento que diz respeito ao processo de avaliação que, por essa razão, não responde às preocupações dos estudantes.
Em tudo isso, na leitura do corpo discente, o pior é que ninguém da direcção se predispõe a explicar as razões dos acontecimentos. “A instituição aproveita-se do nosso cansaço mental para impingir-nos altas taxas nas propinas, sem fundamentação nenhuma, na esperança de que ficaremos acomodados com a situação”, considera um estudante lamentando a situação.
Por um lado, soube-se de determinados estudantes que, em ocasiões de exames, há estudantes que são retirados de uma sala para a outra, num esquema de corrupção, onde lhes é entregue um exame com o respectivo guia de correcção.
Por outro lado, “há ameaças protagonizadas por pessoas da direcção da universidade a determinados estudantes. Por exemplo, para expressar a falta de segurança no local, além da entrada de pessoas estranhas que sabotam as infra-estruturas, espancam estudantes do sexo feminino, roubam computadores portáteis, já flagrámos um docente em acto sexual com uma estudante”, refere outra estudante.
Sabe-se, porém, que diante da situação, no dia 14 de Novembro, a Associação de Estudantes da A Politécnica convocou um encontro com os agremiados para o dia seguinte, 15, que, em resultado da paralisação do sistema de transportes na cidade de Maputo, não foi realizada.
Outro encontro que se tornou um fracasso, desta vez em resultado da acção da direcção da instituição, havia sido agendado para sexta-feira, 16, com a participação da imprensa. Ao dar-se conta da presença de jornalistas da televisão, a direcção da A Politécnica simplesmente aboliu o evento.
Enfim, o que acontece é que a maior parte dos estudantes que reclamam o rumo dos acontecimentos na A Politécnica – mormente a falta de comunicação entre a direcção e os seu público principal – é que os primeiros ingressaram naquela instituição sabendo que, mensalmente, iriam pagar um valor de 6.900.00 Meticais.
Pelo que é em função deste montante que o seu plano académico anual foi elaborado. Qualquer alteração, nesse sentido, complica a vida de muitos que são obrigados a contrair dívidas para contornar os juros que do pagamento tardio das propinas surgem.
Recentemente, o @Verdade deslocou-se à A politécnica com o propósito de ouvir a posição da direcção em torno das acusações expostas pelos estudantes. Mais uma vez, o que sucedeu, é que encaminharam-nos, de um departamento para o outro, sem obtermos nenhuma explicação de quem de direito.
Ninguém, das pessoas encontradas na instituição se predispôs a explicar o rumo dos acontecimentos. Simplesmente o suposto porta-voz da instituição não se encontrava no local.
Entretanto, numa conversa informal mantida com o assistente da directora executiva daquela instituição do ensino superior, o @Verdade apurou que o agravamento do valor das propinas visa cobrir o défice financeiro em que a A Politécnica se encontra.
Os valores são destinados a garantir um ambiente cómodo aos estudantes, custear as despesas da electrificação, do saneamento das infra-estruturas. O problema é que não se está a comunicar aos estudantes e, pior ainda, os resultados das referidas cobranças não são, por estes, vistos.
A fonte acrescentou ainda que as alegações de acordo com as quais, os estudantes não são informados sobre a realidade local da instituição não constituem verdade, muito em particular no que diz respeito ao agravamento das taxas das propinas.