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Mais de uma tonelada de pontas de marfim e 124 quilogramas de cornos de rinoceronte apreendidos na Matola

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Uma semana depois de dois sul-coreanos e igual número de moçambicanos terem sido detidos por tráfico de 4.6 quilogramas de cornos de rinoceronte, posse de 93.300 dólares norte-americanos (2.799.000 meticais), 2.400 rands (cerca de 7.200 meticais), quatro telemóveis e quatro sacos de arroz, na terça-feira (12), um cidadão chinês foi surpreendido pela Polícia da República de Moçambique (PRM) com 340 pontas de marfim, o que equivale a 1.160 quilogramas; e 65 cornos de rinoceronte, estes com peso estimado em 124 quilogramas.

Trata-se da maior quantidade de marfim e cornos apreendida de uma só vez no país. A polícia suspeita o dono da mercadoria liderava uma equipa de contrabando e para lograr os seus intentos tenham sido abatidos pelo menos 235 animais, dos quais 170 elefantes e 65 rinocerontes.

A prisão aconteceu em Tchumene, no município da Matola, onde o produto se encontrava num dos condomínios luxuoso. Emídio Mabunda, porta-voz da PRM na província de Maputo, disse que se trata de um produto de alto valor comercial.

“Sem dúvida, estamos perante um caso que está relacionado com a caça furtiva. Algumas pontas de marfim ainda têm sangue fresco, sinal de que alguns animais podem ter sido vitimados recentemente”, disse Emídio Mabunda.

Segundo aquele funcionário, a força na qual está afecta, em coordenação com a Polícia de Investigação Criminal (PIC), está a trabalhar com vista a acabar com as redes que se dedicam a este crime ambiental.

Para além da conivência de moçambicanos, dos fiscais de reservas e parques nacionais e das autoridades policiais, há tempos que o país regista cada vez mais envolvimento de cidadãos estrangeiros no tráfico do marfim e de cornos de rinoceronte.

Os tailandeses e vietnamitas são os que se destacam neste negócio que, devido à ausência de uma mão dura por parte do Estado, lesa a economia e enriquece redes criminosas. O transporte desses produtos que, também, significam a extinção de elefantes e rinocerontes é feito para fora do país através do Aeroporto Internacional de Mavalane.

Nenhum dos casos até aqui reportados sobre o tráfico de marfim e cornos de rinocerontes foi esclarecido. Refira-se, ainda, que a nova lei 16/2014, que prevê penas severas para os infractores, parece ser nula uma vez que, praticamente, não se conhecem casos de gente graúda, acima de tudo, que tenha sido detida, julgada e condenada por prática destes crimes.

No seu censurado informe anual sobre a justiça em Moçambique, Beatriz Buchili, procuradora-geral da República (PGR), limitou a avançar um número sobre a caça furtiva, sem no entanto se referir às prováveis medidas em curso para estancar o mal.

Segundo a guardiã da legalidade no país, tem ocorrido o abate de espécies protegidas tais como rinocerontes e elefantes para a extracção de cornos e pontas de marfim para a sua comercialização. As redes criminosas usam armas de fogo e viaturas de grande cilindrada.

Beatriz Buchili afirmou que o Aeroporto Internacional de Mavalane “continua a ser usado como um dos pontos de entrada ou trânsito de estupefacientes do estrangeiro, maioritariamente do Brasil e Paquistão”. Todavia, ela não disse para que países o marfim e os cornos de rinocerontes são levados de forma clandestina.

A procuradora diz igualmente que as mulheres e crianças traficadas em Moçambique têm como principal destino a África do Sul, mas não se pronunciou relativamente aos principais “consumidores” do nosso marfim e dos cornos.


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