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Polícia desautoriza Beatriz Buchili e expõe publicamente suspeitos de raptos em Maputo

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Dias depois de a Procuradora-Geral da República (PGR), Beatriz Buchili, ter alertado, quando apresentava no Parlamento o seu informe anual sobre a Justiça no país, que os cidadãos detidos por suspeita de envolvimento em crimes gozam de presunção de inocência, de bom nome e honra, e que só os tribunais têm a prerrogativa de lhes julgar e condenar, a Polícia da República de Moçambique (PRM) voltou, na segunda-feira (18), a agir contra os ditames da lei ao expor publicamente três cidadãos que acredita serem integrantes da quadrilha que protagoniza os sequestros em Maputo.

Os visados, detidos na 12ª esquadra, respondem pelos nomes de José Langa, Jonas Munguambe e Carlos Massango, com idades compreendidas entre 28 e 32 anos, indiciados de terem orquestrado quatro sequestros no ano em curso, nas cidades de Maputo e da Matola.

Segundo a Polícia, que ao proceder desta forma desautoriza e desafia a guardiã da legalidade em Moçambique, bem como ignora, veementemente, os apelos da Ordem dos Advogados sobre a necessidade de os agentes da Lei e Ordem não se fazerem passar por juízes, a detenção ocorreu no último domingo (17). Nas mãos de dos indiciados foram recuperadas duas armas de fogo, sendo uma AKM e outra do tipo pistola, 26 munições e duas viaturas.

Os presumíveis raptores, para lograrem seus intentos, contou a PRM, levaram cerca de dois meses a planificar o acto em troca de um milhão de meticais, a mando de um indivíduo que em vida respondia pelo nome de Jacinto, apontado como o cabecilha. O nome da vítima do tal sequestro não foi indicado, nem o lugar onde aconteceu, nem o dia, tão-pouco as circunstâncias. Contudo, a Polícia acredita que osacusados não receberam nenhum valor porque a família da vítima não o disponibilizou.

José Langa, residente no bairro Luís Cabral, de 28 anos de idade, electricista, nega o seu envolvimento noutros três raptos. Ele confirma que fez parte de apenas um município da Matola, em que a pessoa sequestrada é de nacionalidade portuguesa.

O jovem explica que o esquema não saiu tal como ele e os comparsas traçaram, porque a Policia abortou a operação volvidos quatro dias do rapto. A vítima tinha sido deixada numa residência que servia de esconderijo na Matola-Rio.

Um outro cidadão identificado pelo nome de Jonas Munguambe, de 32 anos de idade, técnico de sistemas de frio, explicou que do valor exigido para o resgate, o mandante, ora falecido, havia prometido distribuir 50 mil meticais para cada indivíduo, mas o esquema falhou.

Num outro desenvolvimento, Munguambe contou que foi submetido a uma forte pressão pelas autoridades policiais para indicar onde estava escondida a pessoa raptada e os instrumentos usados no tal acto. Aliás, contou também que, pese embora não tenha oferecido resistência, foi alvejado numa das pernas.

Carlos Massango, de 30 anos de idade, empreendedor e militar, acusou o mandante de o ter estimulado a participar no rapto. A sua missão foi conduzir a viatura que transportava a vítima para o cativeiro.

“Jacinto procurou-me e falou de uma “bolada” (biscate) na Matola. Eu disse que todo o mundo quer dinheiro e eu queria a minha parte completa e sem histórias”, narrou o jovem que alegou que não sabia que estava a envolver-se num crime. O seu amigo “trouxe as armas e fizemos o trabalho”. Depois da acção os instrumentos bélicos foram enterrados no mesmo local onde a cidadã de origem portuguesa era mantida como refém.

Ao contrário dos seus comparsas, Carlos, que alega estar arrependido, admitiu que recebeu do suposto cabecilha pelo menos 150 mil meticais, valor que aplicou na construção de uma casa. “A primeira coisa que um moçambicano pensa em ter quando acerta um montante é ter uma residência; por isso, comprei blocos, cimento, areia e comecei uma obra”.

Sobre este crime, Orlando Mudumane, porta-voz do comando da PRM em Maputo, disse que, apara além do trio, outros dois indivíduos se encontram em parte incerta, mas está-se a trabalhar com vista a neutralizar todos eles e responsabilizá-los pelos seus actos.

Ainda de acordo com o agente da Lei e Ordem, os indiciados são perigosos. Dos quatro raptos, eles conseguiram extorquir pelo menos 730 mil meticais a dois cidadãos.


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