Um oficial de diligências, cuja identidade não nos foi revelada, afecto ao Tribunal Judicial da Cidade de Nampula (TJCN), encontra-se detido na Cadeia Provincial de Nampula, desde a semana passada, indiciado do extravio de um processo-crime que seguia os trâmites legais naquela estância, mediante o pagamento de 105 mil meticais.
Consta que o funcionário da 2ª Secção daquele tribunal foi aliciado para fazer desaparecer o cadastro de supostos meliantes considerados perigosos, que se encontravam detidos na mesma cadeia onde o visado está a ver o sol aos quadradinhos, e que foram restituídos à liberdade num processo não esclarecido.
O @Verdade apurou que o processo-crime em questão estava na fase de instrução preparatória e ostentava o número 347/PIC/2014, o qual era movido contra um suposto cadastrado perigoso que responde pelo nome de José Adriano António, e conhecido nos meandros do crime por Zé Mexe-Mexe, e seus comparsas.
O presumível criminoso, de 34 anos de idade, natural de Nacala-Porto, residente no bairro de Mutomote, na cidade de Nampula, é vendedor ambulante. Segundo informações colhidas pela nossa Reportagem, ele está envolvido num assalto à mão armada a um cidadão de nome Luís Vasconcelos.
No roubo em causa, que ocorreu em Dezembro de 2012, José António era cabecilha de uma gangue composta por 14 indivíduos, alguns dos quais munidos de armas brancas. Do documento em nosso poder consta que eles se apoderaram de uma pistola do tipo Sundano, que a vítima usava para se proteger, 50 mil meticais, dois telemóveis, entre outros bens.
O caso foi denunciado por um dos integrantes da quadrilha, alegadamente porque se sentia injustiçado na divisão dos bens roubados. Apercebendo-se de que estava a ser procurado pela Polícia, José António refugiou-se na cidade de Pemba e, posteriormente, em Lichinga, onde na companhia de outros comparsas protagonizava mais assaltos.
O ladrão ora procurado pelas autoridades caiu nas malhas da Polícia quando regressou a Nampula e confessou o crime de que foi vítima Luís Vasconcelos. O processo sobre esta matéria passou pela Procuradoria da Cidade de Nampula, com o número 1029/14 e, mais tarde, seguiu para a 2ª Secção do TJCN.
Estranhamente, em Dezembro do ano passado, o meliante e os seus comparsas foram soltos em situação ainda não esclarecida. A partir daí iniciou-se um processo que culminou com a descoberta de que, além da soltura ilegal do grupo, o processo-crime tinha desparecido. As investigações levadas a cabo provaram que o funcionário ora detido estava envolvido e recebeu um suborno de 105 mil meticais.
Os familiares do trabalhador preso dizem que estão a par do caso, que já segue os trâmites legais na Procuradoria de Nampula. Enquanto isso, ninguém tem pistas dos supostos criminosos.